quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Hoje é dia das Bruxas!!!

Hoje estou mais fada do que bruxa, mas não é para menos. Vejam que lindo e-mail acabo de receber.

"Olá Ieda!
Teus amigos gaúchos estão com teu livro Bruxa e Fada Menina Encantada e hoje é dia das bruxas.

Estamos te enviando duas fotos para postar no teu blog e dessa possibilidade que tu nos trazes com tua escrita de "amar e virar fada e zangar e virar bruxa".
É muito importante trabalharmos com nossas crianças as duas grandes possibilidades do ser humano.
Um abraço
Lourdes"






Projeto gráfico e ilustrações de Pink Weiner

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Resíduo de dois magos

Dia 31 de outubro se aproxima. É o dia de Drummond, feiticeiro da palavra, aqui exposta pelo inesquecível Paulo Autran.
Nossa homenagem a esses dois residuados.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Muito gracinha

São estes e-mails que confirmam o quanto vale a pena ser escritor.


"Olá Ieda de OLIVEIRA, é um prazer te conhecer e poder estar te escrevendo. Meu nome é Kenya Tyeh kusano Santos tenho 8 anos,estudo no Colégio Sagrado Coração de Jesus, estou no terceiro ano do ensino fundamental. Eu e meus colegas estamos estudando o seu livro: Brasileirinho História de Amor do Brasil. Nossa!Ele é maravilhoso, queria que você me falasse um pouco dele e como conseguiu ter tantas ideias e imaginações assim. Gostaria de te fazer um convite: você poderia me dar teu imail do msm para falarmos online?Se puder, me fale o dia e as horas que você estiver tempo, estou tão nervosa em te escrever, espero sua resposta mais rápido que puder, porque assim vou saber quando podemos nos falar, rss eu Adoro Você.Ieda esqueci de te dizer, estudo de tarde e tenho aula nos sabados pela manhã.Beijos de uma Fã que te admira muito.Kenya tyeh"





terça-feira, 23 de outubro de 2007

Um pouco de folclore brasileiro: O CURUPIRA

Muito bem feito este curta de animação dirigido por Humberto Avelar.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Des vies à jamais

Quem puder assistir dia 31 de outubro ou 1° de novembro ao espetáculo, vale a pena. Será às 21h, na Aliança Francesa de Botafogo. Rua Muniz Barreto, 730.

Une création de la
compagnie théâtrale associative
Bou-Saana
Casamance – Sénégal

Mise en scène : Patrick Schmitt assisté de Caroline Diatta
avec : Jupiter Touré, Kahdidiatou Ba, Sidoine Biagui, Joseph Badji

sábado, 20 de outubro de 2007

Clarice Lispector e Mia Couto

Esses dois "tamanhados" Clarice Lispector e Mia Couto refletem perspectivas semelhantes ante a palavra escrita e a impossibilidade da existência.





Escrever é uma salvação.
Escrever é procurar entender.
Escrever é abençoar uma vida que não foi abençoada.
Clarice Lispector




Mia Couto



A cantadeira

Acabei a minha sessão de canto, estou triste, flor depois das pétalas. Reponho sobre meu corpo suado o vestido de que me tinha libertado. Canto sempre assim, despida. Os homens, se calhar, só me vêm ver por causa disso: sempre me dispo quando canto. Estranha-se? Eu pergunto: a gente não se despe para amar? Porque não ficar nua para outros amores? A canção é só isso: um amor que se consome em chama entre o instante da voz e a eternidade do silêncio.
Outros cantadores, quando actuam em público, se trajam de enfeites e reluzências. Mas, em meu caso, cantar é coisa tão maior que me entrego assim pequenitinha, destamanhada. Dessa maneira, menos que mínima, me torno sombra, desenhável segundo tonalidades da música.
Cantar, dizem, é um afastamento da morte. A voz suspende o passo da morte e, em volta, tudo se torna pegada da vida. Dizem mas, para mim, a voz serve-me para outras finalidades: cantando eu convoco um certo homem. Era um apanhador de pérolas, um vasculhador de maresias. Esse homem acendeu a minha vida e ainda hoje eu sigo por iluminação desse sentimento. O amor, agora sei, é a terra e o mar se inundando mutuamente.
Amei esse peroleiro tanto até dele perder memória. Lembro apenas de quanto estive viva. Minha vida se tornava tão densa que o tempo sofria enfarte, coagulando de felicidade. Só esse homem servia para meu litoral, todas vivências que eu tivera eram ondas que nele desmaiavam. Contudo, estou fadada apenas para instantes. Nunca provei felicidade que não fosse uma taça que, logo após o lábio, se estilhaça. Sempre aspirei ser árvore. Da árvore serei apenas luar, a breve crença de claridade.

Em certo momento, me extraviei de sua presença, perdi o búzio e o mar que ecoava dentro. Ele embarcou para as ilhas de Bazaruto, destinado a arrancar riquezas das conchas. Apanhador de pérolas, certeiro a capturar, entre as rochas, os brilhos delas. Só falhou me apanhar a mim, rasteirinha que vivi, encrostada entre rochas.
Na despedida, ele me pediu que cantasse. Não houve choradeiras. Lágrima era prova gasta. Vejam-se as aves quando migram. Choram? O que elas não prescindem é do canto.
– E porquê? – perguntou o peroleiro.
O gorjeio, explicou ele, é a âncora que os pássaros lançam para prenderem o tempo, para que as estações vão e regressem como marés.
– Você cante para chamar meu regresso.
Minha vida foi um esperadouro. Estive assim, inclinada como praia, mar desaguando em rio, Índico exilado, mar naufragado. Estive na sombra mas não fiquei sombria. Pelo menos, nas primeiras esperas. Valia-me cantar. Espraiei minha voz por mais lugares que tem o mundo.
– Esse homem me lançou um bom-olhado?
Demorasse assim sua ausência, a espera não se sujava com desespero. Me socorria a lembrança de seus braços como se fossem a parte do meu próprio corpo que me faltasse resgatar.

Para sempre me ficou esse abraço. Por via desse cingir de corpo minha vida se mudou. Depois desse abraço trocou-se, no mundo, o fora pelo dentro. Agora, é dentro que tenho pele. Agora, meus olhos se abrem apenas para as funduras da alma. Nesse reverso, a poeira da rua me suja é o coração. Vou perdendo noção de mim, vou desbrilhando. E se eu peço que ele regresse é para sua mão peroleira me descobrir ainda cintilosa por dentro. Todo este tempo me madreperolei, em enfeitei de lembrança.
Mas o homem de minha paixão se foi demorando tanto que receio me acontecer como à ostra que vai engrossando tanto a casca que morre dentro de sua própria prisão. Certamente, ele passará por mim e não me reconhecerá. Minha única salvação será, então, cantar, cantar como ele me pediu. Entoarei a mesma canção da despedida. Para que ele me confirme entre as demais conchas e se debruce em mim para me levar.
Mas, na barraca do mercado, eu canto e não encanto ninguém. Ao inviés, todos se riem de mim, toquinhando o dedo indicador nas respectivas cabeças. Sugerem assim que esteja louca, incapazes que são de me explicar.
Esta noite, como todas as noites antes desta, apanho minhas roupas enquanto escuto os comentários jocosos da assistência. Afinal, a mesma humilhação de todas as exibições anteriores. Desta vez, porém, aquela gozação me magoa como ferroada em minha alma.

Nas traseiras do palco, uma mulher me aborda, amiga, admirada do meu estado. Me estende uma folha de papel, pedindo que escrevesse o que sentia. Fico com a caneta gaguejando em meus dedos, incapaz de uma única letra. Pela primeira vez, me dói ser muda, me aleija ter perdido a voz na sucessiva convocação de meu amado. Me castigam não as gargalhadas dos que me fingiam escutar mas um estranho presságio. É então que, das traseiras do escuro, chega um pescador que me faz sinal, em respeitoso chamamento. Sabendo que não falo, ele também pouco fala.
– Lhe trago isto.
Suas mãos se abrem na concha das minhas. Deixa tombar uma pequena luminosidade que rola entre os meus dedos. É uma pérola, luzinhando como gota de uma estrela. Lhe mostro o papel onde rabisquei a angustiosa pergunta:
– Foi quando?
Ele apenas abana a cabeça. Interessava o quando? Aquela era a maneira de o mensageiro me dizer que o meu antigo amor se tinha desacontecido, exilado do tempo, emigrado do corpo.
– Enterraram-no?
Mas a interrogação, rabiscada na folha, não cumpre seu destino. Silencioso, o pescador se afunda nas trevas com a educação de ave nocturna. Fico eu, enfrentando sozinha o todo firmamento, monteplicado em pequenas pérolas. E escuto, como se fosse vinda de dentro, a voz desse peroleiro:
– Cante! Cante aquela canção em que eu parti.
E lanço, primeiro sem força, os acordes dessa antiga melodia. E me inespero quando noto que o mensageiro regressa, arrepiado do caminho que tomara. No seu rosto se acendia o espanto de me escutar, como se, em mim, voz e peito se houvessem reencontrado.

Mia Couto

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Os anjos de Assakussa



Visitei este ano a Escola Primária de Assakussa, no Japão. Filmei, não muito bem, mas dá para ter uma idéia do encanto que são as crianças. Levadas...como em qualquer parte do mundo e igualmente fascinantes.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

III Festa Portuguesa em Cabo Frio

Foi muito bom o convite do Prof. Cláudio Capuano para que eu participasse da III Festa Portuguesa de Cabo Frio. Pude reencontrar, pela primeira vez no Brasil, meus velhos amigos Alice Vieira e Rui Veloso. Comemoramos muito.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

ÁFRICA E A SERPENTE DE OLUMO

Quando reescrevi a lenda angolana A Serpente de Olumo, Ed. Cortez, jamais pensei que seria convidada, este ano, à queima-roupa para ir a Angola e que diria "sim" à queima-roupa. Angola dos contrastes, do Ondjaki, do Agostinho, da Chiquinha, do Agualusa, da Celestina, do Pepetela, do Dario, da Cremilda, dos sobas, das crianças... e das saudades que estou sentindo.

No Ministério da Educação de Angola, com o Vice-Ministro da Reforma Educativa, Pinda Simão, à minha direita, e Jaime Franco, Diretor do Gabinete de Estudos e Planejamentos (GEP)


Mulheres Africanas

Esperança (São Tomé e Príncipe), eu, Chiquinha grávida da Paulinha (Angola), Suzana (Congo) e as crianças de Luanda ...



Pôr -do-sol em Angola



quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Novo livro da Adriana Lisboa



Em Rakushisha, a talentosa amiga, Adriana Lisboa , mergulha na cultura japonesa, ao narrar os caminhos e descaminhos de Haruki e Celina, dois brasileiros que se conhecem por acaso e acabam viajando juntos para o Japão, ao mesmo tempo que revisita as imagens e a obra do poeta do século XVII Matsuo Basho.

É num vagão de metrô no Rio de Janeiro que a trajetória de Celina e Haruki se cruza. Desenhista descendente de japoneses que não tem interesse pelo país de seus antepassados, Hakuri folheia um livro em japonês - língua que não domina - para o qual lhe foram encomendadas ilustrações. Celina, mulher misteriosa - "pedaço de céu recoberto pela fina epiderme humana" - se aproxima para saber do que se trata. A conversa nas escadarias da estação os leva a um café e de lá, num arroubo que pega ambos de surpresa, para Kyoto, onde cada um, à sua maneira, confronta e faz as pazes com o passado.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O que é qualidade em ilustração no livro infantil e juvenil? Com a palavra o ilustrador


Em Portugal, durante sua exposição este ano, converso com Gémeo Luis, um dos participantes do novo livro que organizei e que deverá ser lançado no Rio de Janeiro, no início de 2008.