quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
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Notícia triste
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Em bom português: estamos lascados
Reproduzo o texto da Míriam Leitão.
O ajuste já era esperado, mas não alguns dos cortes anunciados. O governo tinha superestimado o crescimento da economia. Com base neste crescimento fictício, previu um aumento da receita. Agora está cortando esse vento que não virá. O governo cortou investimento. Bloqueou 30% do total no chamado corte preventivo. O que ficou foram as obras do PAC, que fazem parte da propaganda do governo.
Mas o mais preocupante é que ao cortar, o Executivo escolheu áreas erradas. Reduziu a verba para ciência e tecnologia, setor onde o mundo hoje tem aumentado o investimento, exatamente como uma das armas para sair da crise, com inovação. Cortou 79% o orçamento do ministério do Meio Ambiente que já vive com pouco.
Apesar disso manteve os concursos, as contratações de mais funcionários, a existência do número extravagante de ministérios, 37. Ou seja, o governo errou quando previu um crescimento da receita em ano de crise, e erra agora na escolha de onde cortar.
As previsões sobre o desempenho das economias mais ricas têm sido revistas sempre para baixo nos últimos tempos. Agora se fala em queda de 2% na economia americana este ano, 4% no Japão, e de 2% a 3% na Europa. É uma devastação.
Hoje ninguém mais acredita que os emergentes salvarão o mundo. O Brasil está crescendo menos, a China está em forte desaceleração e se crescer 6% vai significar um enorme freio para quem vinha a 13%. Rússia está em crise e Índia está crescendo menos. Os dados são péssimos.
Mas o que o fórum de sábios econômicos, que se reúne todos os anos no mesmo lugar onde foi ambientado o famoso romance “Montanha Mágica”, de Thomas Mann, precisa explicar é a mágica que impediu que eles ouvissem os alertas de quem previu esta crise há dois anos. Naquela época eles riram de quem avisou que haveria uma grande recessão.
O presidente Lula estimula o consumo. Mas o governo anunciou uma medida que pode elevar preços e provocou chiadeira entre os empresários. Chama-se licença prévia de importação.
O governo tomou uma decisão absurda ao exigir essa licença de importação de três mil produtos. É quase 60% do que o Brasil importa. Ontem, empresários foram até Brasília mostrar o erro da medida. Quem produz para o mercado interno também importa. Quem exporta também precisa de produtos importados. Isso pode afetar toda a produção brasileira. Em um momento como esse, isso pode gerar inflação.
Ontem, o presidente da Associação da Indústria Automobilística (Anfavea) desabafou: era só o que faltava, neste momento, ter mais uma dificuldade de produção. O vice-presidente da Associação dos Exportadores Brasileiros, José Augusto de Castro, disse que é uma volta aos anos 1970 e 1980, a época da reserva de mercado.
Detalhe: o Brasil pode sofrer represália dos parceiros porque este tipo de barreira protecionista pode ser imposta contra o Brasil também. O governo está fazendo isso porque está assustado com o déficit comercial de janeiro - que já passou de US$ 800 milhões. Mas o tiro pode sair pela culatra.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Elefante e chave: viagens
Tirei uns dias para descansar. Exatos sete dias. Fui para meu refúgio. Na bagagem, A viagem do elefante, do Saramago e A chave de casa de Tatiana Salem Levy. Revi meu jardim e minha rede de esparramar preguiça. E foi nela que pude fazer essas boas leituras.
Textos de estilos e técnicas completamente diferentes. Saramago, com a pontuação que eu ouço quando leio, leva por uma divertida e absurda viagem/presente do rei D. João III, um elefante Salomão e depois Solimão, a ser dado ao arquiduque austríaco Maximiliano II. Todo o tempo, procurando manter o controle sobre o leitor, Saramago se porta como um ourives a aperfeiçoar seu campo de trabalho. O resultado é precioso.
O texto da Tatiana Salem Levy, finalista do Prêmio Jabuti e agraciado com Prêmio São Paulo de Literatura para autor estreante, é intenso e bem estruturado. Numa espécie de resgate de sua história e da de sua família, ela leva o leitor a percorrer, junto, uma emocionada viagem de reencontro.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
O drama dos tremas...
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Dois olhos e uma boca
Um dia pensei um poema para Maysa
“Maysa não é isso
Maysa não é aquilo
Como é então que Maysa me comove me sacode me buleversa me hipnotiza?
Muito simplesmente
Maysa não é isso mas Maysa tem aquilo
Maysa não é aquilo mas Maysa tem isto
Os olhos de Maysa são dois não sei quê dois não sei como diga dois Oceanos Não-Pacíficos
A boca de Maysa é isto isso e aquilo
Quem fala mais em Maysa a boca ou os olhos?
Os olhos e a boca de Maysa se entendem os olhos dizem uma coisa e a boca de Maysa se condói se contrai se contorce como a ostra viva em que se pingou uma gota de limão
A boca de Maysa escanteia e os olhos de Maysa ficam sérios
meu Deus como os olhos de Maysa podem ser sérios e como a boca de Maysa pode ser amarga!
Boca da noite (mas de repente alvorece num sorriso infantil inefável)”
Cacei imagens delirantes
Maysa podia não gostar
Cassei o poema.
Maysa reapareceu depois de longa ausência
Maysa emagreceu
Está melhor assim?
Nem melhor nem pior
Maysa não é um corpo
Maysa são dois olhos e uma boca
Essa é a Maysa da televisão
A Maysa que canta
A outra eu não conheço não
Não conheço de todo
Mas mando um beijo para ela.
Manuel Bandeira in “Estrela da Vida Inteira”, 3ª edição, Livraria José Olympio Editora, 1973.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
ALARCÃO
http://alarchronicles.blogspot.com/2008/12/seu-primeiro-presente-de-2009.html
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
sábado, 3 de janeiro de 2009
As pessoas sensíveis
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
Porque cheira a pobre cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra.
«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheiros de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
Sophia de Mello Breyner Andresen