quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mais notícia triste

Faleceu o Hélio Gracie, o pai do Rickson. Foi o Rickson a primeira pessoa que me apresentou à alimentação natural. Foi em casa dele e da Lílian que tomei pela primeira vez suco de laranja lima e recebi orientação de como ter uma dieta sadia. Nossos filhos eram de idades próximas e ele me convenceu da importância da prática do Jiu-Jitsu. Meu filho praticou durante um tempo, mas não se identificou com o esporte e acabou preferindo a música erudita. Ficam a saudade e a solidariedade.

Notícia triste

Estou muito triste com a notícia do falecimento de Dom Lourenço de Almeida Prado, ex-reitor do Colégio de São Bento, no Rio de Janeiro. Quando fui convidada a lecionar literatura no colégio, foi ele que me recebeu e foi ali que conheci sua delicadeza. Só tenho boas lembranças dele e dos meus alunos do curso clássico. Ano passado fui surpreendida com a notícia do falecimento de José Carlos Barcelos, um ex-aluno que virou amigo e com quem pude conviver longo tempo. Acho sempre muito difícil lidar com perdas, muito difícil.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Em bom português: estamos lascados


Reproduzo o texto da Míriam Leitão.

O ajuste já era esperado, mas não alguns dos cortes anunciados. O governo tinha superestimado o crescimento da economia. Com base neste crescimento fictício, previu um aumento da receita. Agora está cortando esse vento que não virá. O governo cortou investimento. Bloqueou 30% do total no chamado corte preventivo. O que ficou foram as obras do PAC, que fazem parte da propaganda do governo.

Mas o mais preocupante é que ao cortar, o Executivo escolheu áreas erradas. Reduziu a verba para ciência e tecnologia, setor onde o mundo hoje tem aumentado o investimento, exatamente como uma das armas para sair da crise, com inovação. Cortou 79% o orçamento do ministério do Meio Ambiente que já vive com pouco.

Apesar disso manteve os concursos, as contratações de mais funcionários, a existência do número extravagante de ministérios, 37. Ou seja, o governo errou quando previu um crescimento da receita em ano de crise, e erra agora na escolha de onde cortar.
As previsões sobre o desempenho das economias mais ricas têm sido revistas sempre para baixo nos últimos tempos. Agora se fala em queda de 2% na economia americana este ano, 4% no Japão, e de 2% a 3% na Europa. É uma devastação.

Hoje ninguém mais acredita que os emergentes salvarão o mundo. O Brasil está crescendo menos, a China está em forte desaceleração e se crescer 6% vai significar um enorme freio para quem vinha a 13%. Rússia está em crise e Índia está crescendo menos. Os dados são péssimos.

Mas o que o fórum de sábios econômicos, que se reúne todos os anos no mesmo lugar onde foi ambientado o famoso romance “Montanha Mágica”, de Thomas Mann, precisa explicar é a mágica que impediu que eles ouvissem os alertas de quem previu esta crise há dois anos. Naquela época eles riram de quem avisou que haveria uma grande recessão.
O presidente Lula estimula o consumo. Mas o governo anunciou uma medida que pode elevar preços e provocou chiadeira entre os empresários. Chama-se licença prévia de importação.
O governo tomou uma decisão absurda ao exigir essa licença de importação de três mil produtos. É quase 60% do que o Brasil importa. Ontem, empresários foram até Brasília mostrar o erro da medida. Quem produz para o mercado interno também importa. Quem exporta também precisa de produtos importados. Isso pode afetar toda a produção brasileira. Em um momento como esse, isso pode gerar inflação.

Ontem, o presidente da Associação da Indústria Automobilística (Anfavea) desabafou: era só o que faltava, neste momento, ter mais uma dificuldade de produção. O vice-presidente da Associação dos Exportadores Brasileiros, José Augusto de Castro, disse que é uma volta aos anos 1970 e 1980, a época da reserva de mercado.

Detalhe: o Brasil pode sofrer represália dos parceiros porque este tipo de barreira protecionista pode ser imposta contra o Brasil também. O governo está fazendo isso porque está assustado com o déficit comercial de janeiro - que já passou de US$ 800 milhões. Mas o tiro pode sair pela culatra.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Universidade de Évora - II SIMELP

Repassando...

Para maiores informações sobre o evento: http://www.simelp2009.uevora.pt/

Elefante e chave: viagens


Tirei uns dias para descansar. Exatos sete dias. Fui para meu refúgio. Na bagagem, A viagem do elefante, do Saramago e A chave de casa de Tatiana Salem Levy. Revi meu jardim e minha rede de esparramar preguiça. E foi nela que pude fazer essas boas leituras.

Textos de estilos e técnicas completamente diferentes. Saramago, com a pontuação que eu ouço quando leio, leva por uma divertida e absurda viagem/presente do rei D. João III, um elefante Salomão e depois Solimão, a ser dado ao arquiduque austríaco Maximiliano II. Todo o tempo, procurando manter o controle sobre o leitor, Saramago se porta como um ourives a aperfeiçoar seu campo de trabalho. O resultado é precioso.

O texto da Tatiana Salem Levy, finalista do Prêmio Jabuti e agraciado com Prêmio São Paulo de Literatura para autor estreante, é intenso e bem estruturado. Numa espécie de resgate de sua história e da de sua família, ela leva o leitor a percorrer, junto, uma emocionada viagem de reencontro.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O drama dos tremas...

O amigo Cláudio Cesar Henriques, autor de um livro sobre a nova ortografia, que já divulgamos aqui, enviou este divertido vídeo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Dois olhos e uma boca

Estou acompanhando a bela e comovente minissérie que traz a oportunidade de repensar Maysa. Aqui, um poema de Bandeira para ela e um vídeo que permite rever a sua intensidade dramática cantando Ne me quittes pas. Já postei anteriormente no blog (01/11/08) a interpretação do criador, Jacques Brel, e de Patricia Kaas & Maurane em homenagem a ele.
MAYSA

Um dia pensei um poema para Maysa
“Maysa não é isso
Maysa não é aquilo
Como é então que Maysa me comove me sacode me buleversa me hipnotiza?

Muito simplesmente
Maysa não é isso mas Maysa tem aquilo
Maysa não é aquilo mas Maysa tem isto
Os olhos de Maysa são dois não sei quê dois não sei como diga dois Oceanos Não-Pacíficos

A boca de Maysa é isto isso e aquilo
Quem fala mais em Maysa a boca ou os olhos?
Os olhos e a boca de Maysa se entendem os olhos dizem uma coisa e a boca de Maysa se condói se contrai se contorce como a ostra viva em que se pingou uma gota de limão
A boca de Maysa escanteia e os olhos de Maysa ficam sérios
meu Deus como os olhos de Maysa podem ser sérios e como a boca de Maysa pode ser amarga!
Boca da noite (mas de repente alvorece num sorriso infantil inefável)”

Cacei imagens delirantes
Maysa podia não gostar
Cassei o poema.

Maysa reapareceu depois de longa ausência
Maysa emagreceu
Está melhor assim?

Nem melhor nem pior
Maysa não é um corpo
Maysa são dois olhos e uma boca
Essa é a Maysa da televisão
A Maysa que canta
A outra eu não conheço não
Não conheço de todo
Mas mando um beijo para ela.

Manuel Bandeira in “Estrela da Vida Inteira”, 3ª edição, Livraria José Olympio Editora, 1973.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

ALARCÃO

O ilustrador Renato Alarcão, um dos articulistas do livro O que é qualidade em ilustração no livro infantil e juvenil - com a palavra o ilustrador, apresentou o livro como forma de presente em seu blog. O "prêmio" já foi entregue, mas vale conferir, visitar o site e também ler seu excelente artigo no livro.
http://alarchronicles.blogspot.com/2008/12/seu-primeiro-presente-de-2009.html

O quereres...

Erro? Chico e Caetano juntos são só acerto. Bom de rever.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Paisagens Neuronais

Repassando. Clique sobre o convite.

sábado, 3 de janeiro de 2009

As pessoas sensíveis

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
Porque cheira a pobre cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra.

«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheiros de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.

Sophia de Mello Breyner Andresen