6-Ensinar a compreensão
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Os sete saberes necessários à educação do futuro
6-Ensinar a compreensão
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Está chegando o novo livro!!
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Take a seat...tudo pela leitura!
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Comentário Geral!
A partir da próxima quinta-feira, dia 31, começa a participação fixa do Helênio, meu marido, no programa Comentário Geral da TVE Brasil apresentado por Larissa Prado, e que vai ao ar todas as quintas-feiras, às 22 horas. O programa se desenvolve a partir de uma palavra-tema e vários especialistas falam sobre ela. O Helênio estará sempre, no início do programa, falando da etimologia da palavra escolhida.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Homenagem quae sera tamen!
Martin Luther king Day
Hoje, 21 de janeiro, é feriado nos EUA em homenagem a
Fiz estas fotos em setembro de 2007, no Museu da Escravatura em Luanda.
Quem somos nós?
De Luanda sairam aproximadamente oito milhões de escravos.
sábado, 19 de janeiro de 2008
Langage et Discours em português
Acaba de ser publicado pela ed. Contexto, com a organização de duas amigas minhas, Aparecida Lino Pauliukonis (UFRJ) e Ida Lúcia Machado (UFMG), o Linguagem e Discurso, do teórico francês Patrick Charaudeau. É dele o conceito de contrato de comunicação, que aplico à literatura infantil e juvenil na minha tese de doutorado, O Contrato de Comunicação da Literatura Infantil e Juvenil, publicada pela ed. Lucerna e que agora sairá pela Ed. Nova Fronteira.
Para os que não lêem francês essa tradução é um achado, pois esse livro é uma referência para os estudiosos da Análise Semiolingüística do Discurso.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Ponte Vecchio, Bach e Sarah Chang
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Surpresa!
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
O Caso do Professor de Mímese
Era uma vez um professor de mímese. Esse professor é um velho camaleão sentado sobre a árvore onde funciona a escola de camuflagem. Ele mostra aos alunos como ficar da cor de uma folha verde, e depois exige que os alunos façam o mesmo. Dois alunos obedecem, mas o terceiro fica roxo. O professor se irrita e mostra painel no qual um camaleão roxo atrai um gavião.
De repente todos escutam um pio lúgubre: é o gavião! O mestre esconde o painel e fica verde; os dois alunos aplicados o imitam. O mau aluno se apavora e tenta acompanhá-los, mas fica amarelo de medo e se destaca da paisagem. Ele olha para baixo da árvore, encontra uma superfície amarela e pula nela para se proteger. Consegue se camuflar, mas primeiro se torna amarelo para depois encontrar superfície daquela cor. Ironicamente, o camaleão relapso cai em cima do teto amarelo de um ônibus escolar, que o leva para a cidade. Quando chega lá o réptil salta na calçada; um pintor o encontra. O bicho tenta se camuflar mas só consegue adquirir uma cor berrante. O pintor, impressionado, o pega na mão e o leva para o ateliê, onde o coloca sobre uma mesa manchada de muitas tintas. O pequeno animal vê um estilete cravado na madeira. Assustado, faz novo esforço para se camuflar, mas fica com a pele azul e branca. O pintor, admirado, começa a pintá-lo. Na cena seguinte o pintor, com o camaleão colorido no ombro, comemora a exposição das suas pinturas, todas com o bicho como tema. Nos quadros o camaleão relapso faz o contrário do que ensinava seu professor: ele se destaca do fundo e mostra-se exuberante.
Em 1961, nascia na Inglaterra Diana Spencer. Com 18 anos, começou a namorar com o herdeiro do trono britânico. Em 1981, o príncipe e a plebéia casaram-se em Londres, em cerimônia acompanhada pelo planeta. No Brasil, milhões viam as imagens e se comoviam às lágrimas. Não vivíamos sob uma monarquia, mas pouco importava: um conto de fadas, com o príncipe e a princesa, era transmitido pela televisão. Charles e Diana tiveram dois filhos. A princesa torna-se uma referência afetiva para o povo inglês. Esbanjando fotogenia e senso de oportunidade, Diana praticava obras de caridade e conversava com o povo. O casamento de conto de fadas, porém, não ia bem. Cresciam os rumores sobre a traição de Charles. No final de 1992, o casal se separa. No longo processo de divórcio, Diana perde o tratamento de Alteza Real e ganha 180 milhões de libras esterlinas. Em 30 de agosto de 1997, voltava de um jantar em Paris com o namorado, o milionário Dodi Al Fayed. O motorista, para fugir da perseguição dos PAPARAZZI, dirige em alta velocidade. O carro se desgoverna: Diana e Dodi perdem a vida. Nova comoção mundial: todas as imagens eram novamente transmitidas pela televisão para o mundo. No Brasil, milhões de pessoas viam as imagens e se comoviam às lágrimas. Não éramos ingleses, mas que importava: tratava-se de uma boa história de amor, traição e morte. Acrescia-lhe ingrediente extra: os vilões da história pareciam ser os próprios homens dos MEDIA, encarnados nos fotógrafos PAPARAZZI. A cobertura televisiva não disfarçava o constrangimento. O Príncipe Charles abandona o protocolo e corre a Paris. A Rainha Elizabeth II, no entanto, que nunca aceitou Diana e sua intimidade com as pessoas do povo, se esconde atrás de comunicados lacônicos. A Rainha-Mãe assume o papel que faltava: o da Madrasta.
A história do camaleão berrante aparece no desenho animado dirigido por Cassidy Curtis, chamado The art of survival. O desenho, com três minutos de duração, foi realizado em 1998. Para sobreviver camaleões se mimetizam com o ambiente e desse modo fingem que não existem. Os camaleões inspiraram parte das teorias vigentes da ficção, segundo as quais a obra deve representar tão bem a realidade que com ela se confunda. Uma natureza-morta, por exemplo, leva o espectador a tentar pegar a maçã para comer. Todavia, uma natureza-morta não o é à toa: o quadro de uma maçã não pode ser uma maçã, trata-se de outra coisa. Como diria René Magritte debaixo de um cachimbo pintado, CECI N'EST PAS UNE PIPE - "isto não é um cachimbo". Lembrava Magritte de Diderot, que antes dele escrevera um conto intitulado: CECI N'EST PAS UN CONTE. No entanto, essa outra coisa - nem maçã nem cachimbo nem conto - é real também. Ela nos oferece uma outra realidade que às vezes faz tremer aquilo que vínhamos chamando de "realidade". O camaleão trêmulo remete a uma suspeita sobre a arte que, por sua vez, remete à suspeita que a arte levanta sobre a realidade mesma. O camaleão sobreviveu fazendo o contrário do que mandava o professor. Desse modo, deixou implícita uma outra teoria da ficção que, para além de reproduzir o real, recria-o. Na literatura, a mímese pode implicar a produção de um "efeito de real", como quando o escritor se preocupa em colocar os personagens dirigindo automóveis em ruas que de fato existem. Mas a mímese também implica a geração de uma espécie de bruma que desrealiza o real e, assim, cria um novo real. Como lembra Luiz Costa Lima: "a MÍMESIS, se ainda cabe insistir, não é imitação porque não se confunde com o que a alimenta" [Costa Lima: 45]. Na concepção de Dirce Riedel, a literatura tem a realidade não por trás, mas diante de si. Por ser doadora de sentido, a imaginação literária transforma um real preexistente no real pensado que só pode existir, ou acontecer, através dela [Riedel: 78]. No mundo "real", consideramos verdadeiro que Napoleão Bonaparte tenha sido morto em Santa Helena no dia 5 de maio de 1821. Contudo, historiadores mantêm a mente aberta para admitir nova data para a morte de Napoleão, caso novos documentos provem o contrário do que se sabia. O mundo criado pela mímese, no entanto, é diferente. No mundo da ficção, Sherlock Holmes é solteiro e não pode não ser, assim como Super-Homem é Clark Kent e não pode não ser. Os exemplos são de Umberto Eco. Para ele os textos ficcionais, à diferença do mundo e ainda quando ambíguos, explicitam uma margem clara de certeza [Eco: 13], conduzindo-nos a paradoxo interessante: a ficção desrealiza o real para criar um novo real mais seguro, portanto "mais real", do que aquele que se encontrava no ponto de partida. O real ele mesmo treme, como o camaleão tremia de medo.
A fábula se apresenta com a força de um fato, mas alguns fatos têm força de fábula. A história de Diana Spencer é real, mas o mundo a acompanha como se fosse ficção, vivendo-a com a intensidade catártica de uma história inventada. A realidade mesma é estranha. Diana morre em 1997. David Lodge escreve no ano seguinte uma peça de teatro que alude à sua morte, transformando-a em 1999 na novela Home truths, traduzida no Brasil como Verdades secretas. A narrativa fala da difícil relação entre a fábula e o fato. Fanny Tarrant, personagem de Lodge, é uma jornalista feroz. Ela entrevista o roteirista Samuel Sharp, expondo a sua vaidade e o levando ao ridículo. Sharp, ofendido, recorre ao amigo de infância, o escritor Adrian Ludlow. Adrian organiza antologias e vive dos direitos de romances antigos. Por vinte anos, guarda um segredo: parou de escrever porque não ganhou certo prêmio literário. Como sabe que Fanny também deseja entrevistar Adrian, Samuel pede ao amigo que prepare uma armadilha para Miss Tarrant: grave escondido a conversa para escrever depois um artigo devastador que humilhe a jornalista. Na entrevista, no entanto, Fanny e Adrian quase têm um caso. São interrompidos por Eleanor, mulher do escritor, que, ofendida, acaba revelando o segredo do marido. Logo se arrepende e lhe pede que não publique, mas Fanny diz: você sabia o que eu faço para viver. Desalentada, Eleanor concorda: YES, YOU DESTROY PEOPLE'S LIVES - "sim, você destrói a vida das pessoas", insinuando-se na casa delas, seduzindo-as com observações elogiosas e traindo-as a seguir [Lodge: 91]. O final mistura ficção e realidade. A jornalista está viajando de férias para a Turquia, quando escuta no rádio a notícia da morte de Diana. Ela fica ao mesmo tempo comovida e desesperada: naquele dia saía no jornal tanto a sua entrevista com Adrian quanto um artigo sarcástico, também seu, sobre Diana. Se na entrevista ela revela o segredo de Adrian, no artigo ridiculariza a ambigüidade da Princesa: SHE WANTS TO HAVE IT BOTH WAYS - "ela quer ter os dois mundos", acalentando bebês famintos sob os joelhos e divertindo-se no iate de Dodi [Lodge: 129]. Fanny abandona a viagem e tenta voltar. Perde-se no caminho e acaba parando na casa de Adrian, onde se encontram também Eleanor e Samuel. Eles não sabiam ainda da morte de Diana. A jornalista diz a Adrian que não se preocupe, naquele dia ninguém vai ler a entrevista, mas todos lerão seu artigo desastrado. Fanny sai da casa. O trio de amigos está estupefato. Adrian comenta: IT'S SO INCREDIBLY POETIC, ISN'T IT? LIKE A GREEK TRAGEDY. YOU DON'T EXPECT LIFE TO IMITATE ART SO CLOSELY [Lodge: 131]. Em português: "Isso tudo é tão inacreditavelmente poético, não é? Como se fosse uma tragédia grega. Você não espera que a vida imite a arte tão de perto". Diana, perseguida pelos PAPARAZZI, as Fúrias contemporâneas, morre com seu novo amante, deixando simétricos o amor e a morte. Eleanor fica assustada com Adrian: MUST YOU TURN EVERYTHING IN LITERATURE? - "você precisa transformar tudo em literatura?" [Lodge: 132]. Mas Eleanor é uma personagem literária que pergunta ao marido, um escritor ele mesmo outro personagem literário, se é preciso transformar tudo em literatura: a ficção engole a ficção, uroboricamente. Os personagens passam a falar da catarse que a nação estaria vivendo naquele momento. Sentam-se juntos para ver a cobertura da televisão, esquecidos das discussões anteriores. Na tela, o locutor também chora. O jornal com a entrevista chega, mas não tem mais importância.
A história de Diana, combinada ao romance de David Lodge, nos leva de volta ao fracasso do professor de mímese, mostrando que uma teoria da ficção, ainda que sempre incompleta, talvez seja necessária não somente para se lidar melhor com os textos ficcionais, mas também para se lidar melhor com aquilo que chamamos de realidade.
Referências
COSTA LIMA, Luiz. Mímesis e modernidade: formas das sombras. São Paulo: Paz e Terra, 2003. RIEDEL, Dirce Côrtes. Metáfora, o espelho de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974. ECO, Umberto. Sobre a literatura. Tradução de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2003. REUTER, Yves. A análise da narrativa. Tradução de Mário Pontes. Rio de Janeiro: Difel, 2002. LODGE, David. Home truths. London : Penguin Books, 1999.
domingo, 13 de janeiro de 2008
ALOUETTE, GENTILLE ALOUETTE!!!
Quem não conhece esta "alegre" canção que fala de uma cotovia?
Lembro que eu era obrigada a cantá-la nas fastidiosas aulas de Francês de Madame Joséphine. Tinha então onze anos. Fico tentando imaginar o que se passa na cabeça de um professor que põe uma turma de crianças pra cantar, "alegremente", uma canção dessas. Mas eles o fazem, ainda hoje.
Confiram a "letrinha"...
Alouette, gentille alouette,
Alouette, je te plumerai.
Je te plumerai le bec, je te plumerai le bec,
Et le bec, et le bec, Alouette, Alouette !
(refrain)
Je te plumerai les yeux, je te plumerai les yeux,
Et les yeux, et les yeux, et le bec, Alouette, Alouette !
refrain)
Je te plumerai les yeux, je te plumerai le cou,
Et le cou, et le cou, et le bec, et les yeux, Alouette, Alouette !
(refrain)
Je te plumerai les yeux, je te plumerai le ventre,
Et le ventre, et le ventre, et le cou et le bec, et les yeux,
Alouette, Alouette !
(refrain)
Je te plumerai les yeux, je te plumerai le dos,
Et le dos et le dos et le ventre, et le cou et le bec,
et les yeux, Alouette, Alouette !
(refrain)
Je te plumerai les yeux, je te plumerai les ailes,
Et les ailes et les ailes et le dos et le ventre,
et le cou et le bec, et les yeux,
Alouette, Alouette !
(refrain)
Je te plumerai les yeux, je te plumerai la queue,
Et la queue et la queue et les ailes et le dos et le ventre, et le cou et le bec, et les yeux,
Alouette, Alouette !
(refrain)
Agora, se a depenada alouette pudesse falar, o que será que diria dessa musiquinha?
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Mostra Internacional do Filme Etnográfico
15.01, terça-feira, às 16h
Suzy Brasil - A deusa da Penha Circular, Renata Than, 20 min., Brasil, 2007. Suzy Brasil, a drag queen que hipnotiza platéias com seus shows em boates no Rio de Janeiro. Marcelo, o pacato professor de biologia do ensino médio. Ambos moradores DA Penha Circular, coincidência?
Sobre Rodas Brasil, Sérgio Bloch, 52 min., Brasil, 2007. Por um longo período o homem carregou seus pertences sobre os ombros. Com a invenção da roda, há cerca de 7 mil anos, a civilização acelerou enormemente seu desenvolvimento. Hoje, seria inconcebível o mundo sem este tão simples e perfeito objeto. Sobre rodas Brasil retrata o cotidiano de personagens que, puxando, empurrando ou pedalando algum veículo, ganham a vida pelas ruas de diversas cidades brasileiras.
17.01, quinta-feira, às 16h
Margem- Maya Da-Rin, 54 min., Brasil, 2007. Durante dois dias e três noites uma embarcação navega lentamente pelo rio Amazonas, partindo da fronteira do Brasil com a Colômbia em direção à cidade peruana de Iquitos. A margem se revela diante da câmera à medida que os passageiros divagam sobre um território de múltiplas feições e em constante transformação.
22.01, terça-feira, às 16h
O canto das canoas, Priscilla Ermel, 25 min., Brasil, 2006. Sob o olhar de Seu Ditinho, mestre cirandeiro e construtor de canoas, a tradição da ciranda, performance que resume, em seus versos, cantos, e danças, a essência do ser caiçara. Assim, participamos da perspectiva aprendiz do menino Albert, para quem o mestre cirandeiro conta sua vida e arte.
Pïrinop, meu primeiro contato- Mari Corrêa e Karané Ikpeng, 83 min., Brasil, 2007. Em 1964, os índios Ikpeng têm o seu primeiro contato com o homem branco numa região próxima ao rio Xingu, no Mato Grosso. Ameaçados em seu território por invasões de garimpeiros, eles são transferidos para o Parque Indígena do Xingu, onde ainda vivem. Mas os Ikpeng sofrem com o exílio de suas terras ancestrais e hoje lutam para reconquistá-las. Unindo o passado ao presente, os Ikpeng evocam em um misto de tristeza e humor, as preciosas lembranças daqueles momentos e interpretam episódios que os brancos e suas câmeras não presenciaram. Relatado do ponto de vista dos próprios índios, o documentário desloca nosso olhar para um outro enfoque, numa inversão de papéis onde o “outro” somos nós.
24.01, quinta-feira, às 16h
Baque Solto - Suiá Chaves e Tatiana Gentile, 26 min., Brasil, 2007. Zona da Mata Norte e Zona Metropolitana de Pernambuco. É Carnaval. Preparo, estrada, esperas, apresentações. O filme acompanha o Maracatu de Baque Solto Leão de Ouro de Condado durante os três dias de Carnaval.
L.A.P.A- Emilio Domingos e Cavi Borges, 75 min., Brasil, 2007. Tradicional bairro boêmio do Rio de Janeiro, reduto de sambistas no início do século 20, o bairro da Lapa também serviu como ponto de encontro do RAP nessa cidade, no final do mesmo século (anos 90). O filme mostra, através de alguns MCs, o cotidiano e o desenvolvimento dessa cultura.
29.01, terça-feira, às 16h
O evangelho segundo seu João- Eduardo Souza Lima, Leonardo Gomes e João Moraes, 17 min., Brasil, 2006. Não se trata de um filme sobre a Folia de Reis, mas sobre um homem santo de 74 anos que comanda folias há 56 anos. Ele é analfabeto, mas tem a função de ser um sábio que não pode deixar perguntas sem respostas. Isso o leva a criar parábolas e estruturas de abordagem totalmente peculiares e inéditas.
Batatinha e o samba oculto da Bahia- Pedro Abib, 48 min., Brasil, 2007. Documentário sobre o famoso sambista baiano Oscar da Penha – o Batatinha – já falecido e que deixou uma obra comparável aos grandes mestres do samba do Brasil. Busca mostrar também alguns outros sambistas da velha guarda da Bahia, infelizmente pouco conhecidos do grande público. A narrativa se utiliza de elementos de ficção, através da participação de 3 atores interpretando universitários que saem em busca de informações sobre Batatinha, para cumprir uma tarefa de realizar um documentário sobre o grande mestre. Conta com depoimentos de Paulinho da Viola, Maria Bethânia, Riachão, Edil Pacheco, Nelson Rufino e outros grandes compositores do samba brasileiro.
A Bença- Tarcísio Lara Puiati, 52 min., Brasil, 2006. Mãe Enedina, 90. Mãe Maria, 74. Mãe Mimi, 75. Um recorte do cotidiano de três senhoras do candomblé na Baixada Fluminense. A passagem do tempo, a terceira idade, o respeito mútuo entre os jovens e os mais velhos no candomblé, a crença no culto de orixás, são alguns dos temas desse documentário da série DOCTV III.
31.01, quinta-feira, às 16h
Em (si) mesma, Andréa Barbosa, 24 min., Brasil, 2006. Michele e Dalva são pacientes em desinternação progressiva no Manicômio Judiciário de Franco da Rocha. Margarida é psicóloga na mesma instituição. Três mulheres ligadas pela fotografia, instrumento que sela uma relação de respeito e desejo pela vida. Este filme recebeu o Prêmio Estímulo de Curta-Metragem da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
O profeta das águas- Leopoldo Nunes, 83 min., Brasil, 2005. Em 1966, o governo militar brasileiro decide iniciar a construção da hidrelétrica de Ilha Solteira, que inundaria toda a região de Rubinéia, na fronteira de São Paulo com Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Em outubro de 1970, o líder religioso Aparecido Galdino Jacintho rezava com seus fiéis no seu templo, em Rubinéia, à espera do Exército Nacional, que se juntaria ao Exército da Força Divina. Juntos, partiriam rumo a Mato Grosso para curar, pregar a paz e praticar a justiça, além de impedir a construção da barragem. Enfim chega a força militar, conforme a profecia, mas para reprimir os fiéis com violência brutal. O filme resgata documentos históricos de arquivos das justiças comum e militar, arquivos de hospitais psiquiátricos e localiza diversas pessoas que vivenciaram o episódio.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Música no Museu abre temporada no Rio
Janeiro/Fevereiro 2008.
Música no Museu , no seu 11º ano, abre a temporada 2008 ,no Rio de Janeiro, no dia 11 de janeiro às 12:30hs, no CC Light com a Camerata de Violões do Conservatório Brasileiro de Música, dirigida por Paulo Pedrassoli. Serão 18 concertos em janeiro e 17 em fevereiro ressaltando-se a música clássica em pleno verão e uma alternativa à programação de carnaval na cidade e, assim, mantendo a tradição de maior série de música clássica no Brasil.
Outros destaques: João Carlos Assis Brasil, dia 18/1, no CC Justiça Federal, dia 29/1 no Museu do Exército (Forte de Copacabana) o Grupo Bach A4, com a releitura das sonatas para flauta de J.S Bach usando uma formação jazzística (flauta, piano, contrabaixo e bateria). Já em fevereiro, dia 12 no PAÇO IMPERIAL., Jerzy Milewsky, violino e Aleida Schwarz, piano com um programa de músicas ciganas. DIA 14 no MUSEU DA REPÚBLICA , Maria Luiza Colker, piano e Bernardo Katz, violoncelo com um programa de Beethoven, Forêt, Chopin. DIA 15 no CENTRO CULTURAL LIGHT, Bruce Henri Quarteto, com o programa Villa´s Voz- Villa-Lobos em ritmo de jazz. Arranjos Bruce Henri. Já no dia 19/2, no MOSTEIRO DE SÃO BENTO, o Quinteto Carioca de Sopros apresenta um programa de G. Bizet, J. Ibert, Mozart, Alberto Nepomuceno, A. Liadov, Ernesto Nazareth. Maiores informações no site http://www.musicanomuseu.com.br/
DIA 11 - sexta-feira – 12:30hs CENTRO CULTURAL LIGHT.Rua Marechal Floriano, 168 – CentroCapacidade: 200 lugaresMúsico: CAMERATA DE VIOLÕES DO CONSERVATÓRIO BRASILEIRO DE MÚSICA.Direção: Paulo PedrassoliPrograma: Lorenzo Fernandez, Ricardo Tacuchian e Gaetano Galifi, entre outros
Músico: Abstrassom Programa: Tom Jobim, Villa-Lobos
Dia 15- terça-feira.- 12:30hs PAÇO IMPERIAL Praça XV de Novembro, s/no.- Sala dos Archeiros.Capacidade: 130 lugares.Músico: Anam Glas Ensemble - Programa: Música tradicional irlandesa
DIA 16 - quarta-feira – 12:30 MUSEU DA REPÚBLICA Rua do Catete, 153 – CateteCapacidade:80 lugaresMúsico: Luan GóisPrograma: Ravel, Rachmaninov, Mozart, Bach
DIA 18 - sexta-feira – 15:00 CENTRO CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL Av. Rio Branco, 241 – CentroCapacidade: 142 lugares.Músico: João Carlos Assis Brasil, piano.Programa: Villa- Lobos, Victor Assis Brasil, Ernesto Nazareth
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Banco de dados sobre Machado de Assis
sábado, 5 de janeiro de 2008
Literatura atual: dez passos rumo ao desprestígio
2. A afirmação dos concursos literários, agora expandidos até para dentro da universidade, os quais, sob a intenção declarada de promover a literatura e descobrir novos talentos, acabam por premiar o mediano - o que há de mais intolerável em literatura, segundo Horácio -, pois os mais diferentes sistemas de votação, quando não são farsas descaradas em favor de amigos, favorecem os títulos que mais aparecem nas listas, em detrimento daqueles títulos que, por ser de difícil assimilação ou de pouco consenso, e, portanto, com alguma chance de apresentar interesse, jamais obtêm as médias da premiação. Ou seja, um concurso, a não ser por azar, só premia o premiável, que é um outro nome para o medíocre.
3. A implantação definitiva da ciberliteratura, atualmente já escrita com “i” e pronunciada do mesmo jeito, na qual os autores jovens, afetos a computadores e informática, supostamente deram de ombros às recusas de publicação das editoras tradicionais ou às críticas caretas dos velhos críticos e se lançaram de cabeça na internet, sendo lidos pelos seus amigos, pela sua comunidade, e até pela parcela dos velhos críticos desejosos de continuar eternamente jovens. Dentre estes, há duas tendências: a dos que acham que a ciberliteratura é uma nova forma de erudição, pois os “jovens internautas” emulam os grandes autores da literatura brasileira e mundial, e a dos que pensam que a “explosão” das novas linguagens produz um tal frenesi semiótico que nada se pode dizer desses autores, senão estar atônito a admirar a coragem com que montam o cavalo xucro das novas tecnologias.
4. A transferência dos reality shows da TV para os best-sellers das editoras mais aventureiras, que usam seus olheiros para descobrir “testemunhos” de participantes de toda forma de vida secreta, marginal, imoral, cujos relatos despudoradamente crus e confessionais excitam a imaginação dos leitores fugazes da classe média, que tudo o que conhecem de excessivo, por experiência própria, é trabalho e trânsito. Nesta tendência, têm lugar destacado as confissões de prostitutas, de traficantes descolados em sociologia, e, acima de todos, as confissões sexuais de adolescentes perdidas num mundo cheio de confusão e ecstasy. Se o primeiro item desta lista promete que literatura também é festa, este evidencia que ela, potencialmente, é também esbórnia, bandalheira, mundo-cão - infelizmente, desta vez, sem a trilha sonora de Riz Ortolani.
5. A volta da velha noção de “geração”, a qual, depois de ter logrado um bem-sucedido hype na Vila Madalena com a invenção da saudosa “geração 90”, presta-se ainda a um tour de force para requentar o mesmo, seja trocando cada vez mais velozmente os seus algarismos (“00”, “0.5”), seja postulando a geração “entre séculos”, ou até a geração “não-geração”. Tudo para assegurar que haja alguma movimentação literária fora da exigência de inovação inerente ao campo literário, ou para forjar um atalho que submeta a literatura à idade dos seus praticantes, uma vez que parece impossível fazê-lo por meio do nível da sua criação.
6. A multiplicação de livros com testemunhos tocantes em zonas de conflito do mundo globalizado, onde cachorrinhos, livrarias, pipas e outros objetos amigáveis reencontram um hálito de humanidade em situações brutais de guerras. Nesses relatos, os elementos tribais em conflito ganham toques pitorescos e culturais e os paradoxos e contradições dos interesses do capital internacional oferecem rica oportunidade para que os ocidentais céticos ou cínicos redescubram a riqueza e a esperança “pós-humanas” escondidas no mundo primitivo.
7. O uso da literatura como repertório de narrativas edificantes, figuras comoventes e sentenças judiciosas para auxílio da filosofia em situações que demandem a adesão imediata do ouvinte não especializado, como no caso exemplar de programas de TV, onde filósofos sem preconceitos em relação à grande mídia se esforçam para ajudar o cidadão comum a encontrar a luz compreensiva da... cultura.
8. O uso da literatura como repertório de narrativas, figuras e sentenças de impacto para uso de nietzschianos e deleuzianos desbundados, que acham que o que realmente importa, mais do que os estudos de Filosofia e Literatura, é a Vida, ela mesma, cuja logogenia multívoca, pulsando nos devires, é inapreensível por meras disciplinas acadêmicas. Contra o estudo árido e estéril, a Vida latente na literatura da rua, fonte privilegiada de hibridismos culturais, pode prover a filosofia da sensualidade e fluidez do papo-cabeça.
9. No âmbito da crítica universitária, a tendência mais notável, que entra em cena pisando firme sobre a antes obrigatória modéstia afetada, é a autopromoção, que faz de cada pesquisador um microempresário, com um vibrante e crescente repertório de truques: a “autocitação”; os quotation-buddies; a disposição de “formar quadros”, em vez de simplesmente dar aulas; a implantação de “linhas de pesquisa”, em vez do mero estudo da matéria, e, de modo genérico, a inflação do currículo, ou, para os íntimos, a turbinagem do Lattes -, por exemplo, com a organização de livros com artigos de amigos, que ninguém leu, nem quer ler, nem vale a pena ler, sem nenhuma relação entre si a não ser a irrelevância hiperprodutiva. Variante do item é a publicação de livros de homenagens a professores, os quais, mais ou menos constrangidos pelas exéquias precoces, são obrigados a se transferir para o limbo olímpico. Mais constrangidos ficariam se adivinhassem que a motivação derradeira das “homenagens” é o esforço de obter publicações do grupo 1 da Capes, e, por conseguinte, arrancar boas notas para seu programa de pós, o que não deixa de dar certa nota cívica ao oportunismo.
10. Ainda no âmbito da crítica universitária, o dernier cri é dado pela autonomização de um campo de pensamento sobre a literatura que pode se dispensar da literatura, isto é, um campo que se afirma como teoria pura, independente da literatura, assim como da filosofia. Com balizas atribuídas a autores como Benjamin, Adorno, Derrida, Lacan, Lévinas, Habermas, Jameson, Agamben, etc. , o novo campo garante que não há privilégio maior para a literatura do que fornecer modelos de reflexão para a “teoria”. Em conjunto, todos os dez itens, em maior ou menor grau, com mais ou menos euforia, apontam para um mesmo ar do tempo em que se consolida um enorme desprestígio da literatura como campo de pensamento e cultivo, de modo que, para reanimá-la de seu túmulo, é preciso sacudi-la com festas, cortejá-la com prêmios, atualizá-la com computadores, torná-la sexualmente atraente e visualmente apelativa, descobri-la índice de partido jovem, levantá-la como bandeira da paz e amor em meio à guerra, vibrá-la sentenciosa e edificante, eletrizá-la de vitalismo, inflá-la com índices das agências de fomento, e, por fim, embora o desprestígio não dê sinal de ter um fim, ostentá-la como exemplo de repertório empírico à disposição de uma metalinguagem que lhe é vastamente superior. Tudo somado, fica bem claro que literatura, hoje, vive aquilo que os americanos chamam de “downhill”, e nós, em tradução grosseira, de descida da rampa. Caso o diagnóstico pareça demasiado duro a espíritos sensíveis e esperançosos, o desprestígio sempre poderá ser traduzido por superprestígio, à maneira dialética da bossa nacional.
Não sei por que fico sempre com a impressão que apontar tendências é sempre mais simples que sugerir "solucências".