Conheço um poeta que não publica nunca. Seus versos despretensiosos se escondem por vezes na borda de um copo de vinho, por vezes no silêncio de um guardanapo, por vezes num olhar desconcertante. Rudá, fica sendo seu nome.
Humanidades ...
Lobo só mata pra comer
ou pra se defender
e não chuta cachorro morto.
Quintal ...
Meu quintal tinha um galinheiro
um milharal,
um barracão
um jardim de moças-e-velhas cheio de borboletas.
Um verdadeiro latifúndio.
Na flor da idade ...
Nas últimas quatro décadas
muita gente envelheceu.
Eu não.
Não sou velho nem anacrônico.
Sou acrônico.
Pairo por cima do tempo,
enquanto ele me devora...
suavemente...
(Rudá)