quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Schopenhauer: escrita, escritores e leitores

"A autêntica concisão da expressão consiste em dizer apenas, em todos os casos, o que é digno de ser dito, com a justa distinção entre o que é necessário e o que é supérfluo, evitando todas as explicações prolixas sobre coisas que qualquer um pode pensar por si mesmo. "


"Há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Os primeiros tiveram pensamentos, ou fizeram experiências, que lhes parecem dignos de ser comunicadas; os outros precisam de dinheiro e por isso escrevem, só por dinheiro... é possível reconhecê-los tanto por sua tendência de dar a maior extensão possível a seus pensamentos e de apresentar meias-verdades, pensamentos enviesados, forçados e vacilantes, como por sua preferência pelo claro-escuro, a fim de parecerem ser o que não são. É por isso que sua escrita não tem precisão nem clareza. Desse modo, pode-se notar logo que escrevem para encher o papel, e mesmo entre os nossos melhores escritores é possível encontrar exemplos..."


"Como as pessoas lêem sempre, em vez dos melhores de todos os tempos, apenas a última novidade, os escritores permanecem no círculo estreito das idéias que circulam, e a época afunda cada vez mais em sua própria lama. Por isso é tão importante, em nosso hábito de leitura, a arte de não ler. Ela consiste na atitude de não escolher para ler o que, a cada momento determinado, constitui a ocupação do grande público; por exemplo, panfletos políticos ou literários, romances, poesias etc., que causam rebuliço justamente naquele momento e chegam a ter várias edições em seu primeiro e último ano de vida. Basta nos lembrarmos de que, em geral, quem escreve para os tolos encontra sempre um grande público, a fim de que nosso tempo destinado à leitura, que costuma ser escasso, seja voltado exclusivamente para as obras dos grandes espíritos de todos os tempos e povos, para os homens que se destacam em relação ao resto da humanidade e que são apontados como tais pela voz da notoriedade. Apenas esses espíritos realmente educam e formam os demais."


"Para ler o que é bom uma condição é não ler o que é ruim, pois a vida é curta, o tempo e a energia são limitados."

Schopenhauer