sábado, 31 de julho de 2010

FLIP/FLIPINHA

É a segunda vez que sou convidada a participar da FLIP/FLIPINHA. A primeira foi em 2006. Gosto de estar lá, principalmente pelo encontro com os leitores. Lembro-me da vez em que participei, da emoção que senti ao encontrar meus livros pendurados como frutos nas árvores da praça central de Parati sendo lidos pelas crianças. Uma cena inesquecível. Se estiverem por lá, apareçam.

Dia 5/8

13h30 às 14h30
A poesia das palavras
Ciranda dos autores
Ieda Oliveira e Stella Maris Rezende
Mediação
Amaury Barbosa


Dia 7/8

17h às 18h
O Brasil na minha obra
Ciranda dos autores
Autores convidados da Flipinha
Mediação
Gabriela Gibrail e Anna Cláudia Ramos

Espero vocês!

Este ano, como todos sabem, o autor homenageado da FLIP é Gilberto Freyre. Neste video, uma oportunidade de vê-lo e ouvi-lo.



quinta-feira, 29 de julho de 2010

Japão: Filosofia e Arte

Gosto muito do texto abaixo. Pude apreciar entre outras tantas belíssimas obras expostas no Museu da MOA, em Atami, o Biombo das Ameixeiras de Flores Vermelhas e Brancas, de Agata Korin. Reproduzo uma foto que não foi feita por mim. Lá não é permitido fotografar. Reproduzo também um haiku de Basho.

Biombo das Ameixeiras de Flores Vermelhas e Brancas - Agata Korin


O SABER DAS COISAS

Creio que, em japonês, não há expressão de sentido mais profundo e sutil do que "mono o shiru" (o saber das coisas). Considero-a de difícil interpretação, por isso vou tentar esclarecê-la o melhor possível.

Analisando essa expressão, vemos que ela significa experimentar ilimitadamente tudo que existe no mundo, penetrar, captar a essência das coisas e exprimi-la de alguma forma. Ou melhor, descobrir o segredo de medir a ação e as consequências de determinado problema. Ao contrário, se alguém exibir teorias infantis, agir levianamente ou praticar ações sem perceber a censura e o desprezo dos outros, significa que não tem visão nem saber das coisas. Pertence ao grupo daqueles que se costuma chamar de imaturos, infantis ou grosseiros.

Esclarecido é quem possui vasto saber. Por aí vemos quão grande é o número de homens imaturos que não possuem esse saber das coisas, inclusive entre os homens públicos. Eles procuram exagerar e fazer alarde de questões insignificantes, sem se dar conta de que estão atraindo o desprezo dos esclarecidos. Seu comportamento nada mais é que a demonstração de sua própria inferioridade. Tais indivíduos são, infalivelmente, umas nulidades, homens de conceitos restritos ("Shojo").

A eficiência e o crédito são sempre prejudicados pela ação dessas criaturas medíocres, empenhadas somente em elevar sua própria fama. Certamente é por causa de tantos elementos sem maturidade que não se consegue chegar a conclusões e resoluções mais rápidas nos debates políticos de hoje. Se a maioria fosse esclarecida, seria fácil um acordo. O problema é que os esclarecidos se retraem no silêncio, por detestarem discutir com gente teimosa. Os imaturos aproveitam essa oportunidade para se exibir, desejando tornar-se famosos, e a fama aumenta sua probabilidade de serem eleitos, por ocasião das eleições. Sendo assim, os menos esclarecidos representam a maioria, e os esclarecidos, a minoria. Uma prova disso é o fato e a necessidade de se passar longo tempo discutindo um problema - às vezes de somenos importância - para se encontrar uma solução.

Mas a verdade é que, apesar de os homens mais esclarecidos aparecerem menos, por serem modestos, suas opiniões acabam sempre triunfando. E isso não se limita ao mundo político. É natural, em todos os setores da sociedade, que aqueles que são conhecidos pela sua competência sejam homens relativamente esclarecidos.

Até aqui me referi à parte moral. Passarei, em seguida, para o campo da Arte, que eu considero o melhor meio para explicar o presente assunto, já que a maioria dos homens esclarecidos são, ao mesmo tempo, dotados de senso estético muito elevado.
Exemplifiquemos, primeiramente, com o príncipe Shotoku, cujo vasto conhecimento sobre a cultura budista, principalmente na parte artística, ninguém poderá deixar de reconhecer. Temos a prova disso no Templo Horyuji e em outras construções, que ainda conservam o esplendor da sua magnificência. A sua famosa "Constituição dos 17 Artigos" pode ser considerada a base da lei japonesa.

Também podemos citar Yoshimassa Ashikaga, que, embora tenha sido muito criticado em outros setores, na parte artística deixou-nos uma obra notável. Além de construir o Templo Guinkakuji (Pavilhão de Prata), foi apreciador da arte chinesa, tendo colecionado objetos artísticos das eras Sung e Ming. Incentivou grandemente a arte japonesa, e as obras raras e valiosas criadas por sua iniciativa, conhecidas como "Obras preciosas de Higashi-yama", ainda hoje deleitam o nosso senso artístico. Seu trabalho é realmente digno de louvor.

A maior honra, no entanto, desejamos conferir a Hideyoshi Toyotomi (unificador dos feudos, no ano de 1573). Ao lado de sua exuberante criação artística, intitulada "Momoyama", devemos salientar o brilhante impulso dado por ele à arte da Cerimônia do Chá - cuja existência, até então, era obscura - protegendo Rikyu Senno, mestre da referida arte, naquele século. Graças a ele, houve um rápido desenvolvimento da cultura artística, e gênios e grandes mestres surgiram uns após outros. Não fazem exceção Enshu Kobori e Chojiro, o gênio da cerâmica. Este, como Ashikaga, além de obras japonesas e chinesas, colecionou famosos objetos artísticos da Coréia, dando um novo impulso à cerâmica no Japão.

Devemos lembrar, aqui, a existência de Koetsu Honnami. Ele foi pintor e calígrafo notável, tendo criado uma nova modalidade de "makiê" (arte que utiliza laca e madrepérola); na fabricação de cerâmicas, foi inimitável, graças à sua originalidade e versatilidade. Sua maior contribuição, que ele próprio não previra, foi ter influenciado, cem anos após seu falecimento, o famoso mestre Korin Ogata, expoente máximo do Japão no setor artístico, o qual foi admirador de Koetsu e o superou, conquistando grandiosa fama. Também não podemos omitir os oleiros Ninsei e Kenzan. Desta corrente surgiu Hoitsu, que se fez notar, também, pela sua habilidade artística.
A grandeza de Hideyoshi Toyotomi reside no fato de ter compreendido a Arte ainda na mocidade e colecionado obras-primas, o que não deixa de ser algo surpreendente, dado que ele era filho de lavrador. Geralmente, além de crescer sob condições favoráveis, ou melhor, na classe acima da média, é necessário um grande esforço para se atingir o nível do "saber das coisas". Hideyoshi, portanto, é de fato um homem extraordinário, pois atingiu esse nível apesar de sua origem humilde e de ter vivido continuamente em campos de batalha.

Lancemos, agora, uma vista sobre a arte literária.
Na poesia, sobressaem, indiscutivelmente, Saigyo e Basho. As obras destes dois expoentes revelam ter sido realizadas por quem realmente possui o "saber das coisas". Nunca deixo de admirar estes poemas, suas obras principais:

"A solidão envolve
Até um coração indiferente,
Quando as narcejas levantam vôo do pântano,
Nos crepúsculos do outono."
Saigyo (Waka)

"O canto das cigarras
Penetra no silêncio
E nas rochas."
Basho (Haiku)

Uma pessoa que também merece ser lembrada é o aristocrata Unshu Matsudaira, conhecido pelo nome de Fumai. Ele colecionou inúmeras obras de arte, classificou-as, protegeu-as da dispersão e deu impulso à Cerimônia do Chá. É digno de toda a nossa consideração.
Entre os esclarecidos da época moderna, citaremos o falecido ator Danjuro Itikawa.

Vimos, em linhas gerais, alguns dos principais representantes da arte japonesa considerados esclarecidos. São homens civilizados no mais alto grau, e é escusado dizer o quanto colaboraram para alimentar a alma do povo, enriquecendo-lhe o gosto estético e elevando-lhe os sentimentos. Naturalmente, todos sabem que as invenções, as descobertas e o progresso do ensino contribuíram para a cultura da humanidade, mas convém recordar a grande contribuição que, em silêncio, as obras dos esclarecidos trouxeram à civilização.
Mokiti Okada
15 de agosto de 1950



O velho tanque -
Uma rã mergulha,
barulho de água.
Basho Matsuo (1644–1694)

domingo, 25 de julho de 2010

Ikebanas - Vivificação floral

Andei fotografando pelo Japão algumas ikebanas que vi. São dos mais variados tipos e técnicas. Dificil saber qual a mais bela.























sexta-feira, 23 de julho de 2010

Curiosidades gastronômicas japonesas

No Japão a gente pode experimentar sorvetes de sabores inusitados e deliciosos. Um deles, que me deixou apaixonada, é o de gergelim torrado. O de chá verde e o de chá verde com creme são gostosos também, mas não são os meus preferidos.

O quarto da foto, esse cinza escuro da esquerda para a direita, é o de gergelim torrado. Na foto abaixo, o próprio, ao vivo e a cores. Delicioso!

Aqui estão alguns doces muito gostosos, não me perguntem o nome, servidos em restaurantes onde estive.






Os doces não tem muito açucar e esse acima é parecidíssimo com a nossa ¨rabanada de natal¨, mas menos doce e menos gorduroso. Na foto abaixo, um doce que me foi servido em uma cerimônia do chá de que participei em Kioto. A folha que envolve este doce, delicioso, é de cerejeira e comestível também. O doce é oferecido antes do chá verde para diminuir a sensação de amargo dele.


Além das refeições oferecidas normalmente no cardápio dos restaurantes, existe uma outra opção de refeição rápida e muito interessante que é o bentô, uma espécie de ¨quentinha¨, mas que é servido frio e que a gente apelidou de caixa de surpresa. A comida é variada e saborosa.



segunda-feira, 19 de julho de 2010

Como diz Andrea Diniz!

Passei meu aniversário (7/7) no Japão, num jantar surpresa a bordo do navio restaurante Vingt et Un, na baía de Tóquio, numa noite linda e perfeita com amigos queridíssimos entre eles a Andrea Diniz, que da tia Leila Diniz herdou a alegria, a irreverência e a garra. Hoje ela me enviou este vídeo, com uma palestra da Isabel Allende, que precisa ser assistido por todos. Há legendas em português.

sábado, 17 de julho de 2010

ZUIUNKYO- ATAMI

Nas fotos abaixo podem ser vistas uma réplica da parte externa e interna da casa do pintor Agata Korin (1658-1716), parte dos jardins de Zuiunkyo e também um portão original que pertenceu ao templo de Nara, em 1590, e foi transportado para a Província de Kanagawa e finalmente para o Zuiunkyo.











quinta-feira, 15 de julho de 2010

Andanças e gastanças

Não há no Japão nenhum espaço verde que não seja belamente aproveitado. O país é uma obra de arte a céu aberto. Aqui postei duas fotos da vista dos jardins do Palácio Imperial, de onde podemos apreciar os lindos, altíssimos e leves (o material é a prova de terremotos) edifícios de Tóquio, em absoluta harmonia com a natureza. Em seguida, um instantâneo de um surto meu do tipo ¨ esquecendo a fatura do cartão de crédito¨ em compras nas ruas de Tóquio. Aliás, não dá para deixar de comprar, principalmente material eletrônico, sem falar nos quimonos, nas sombrinhas (o paraíso das lembrancinhas é em Assakussa, onde fotografei essa loja de quimonos), nos objetos de arte, nos... Ah! e, para comer alguma coisinha rápida, várias lojinhas do tipo abaixo.












quarta-feira, 14 de julho de 2010

O espaço das crianças e jovens

No belíssimo e premiado Museu da MOA, em Atami (mais adiante mostrarei imagens do Museu) , há um espaço reservado para os talentos do futuro. É permitido fotografar. Fiz algumas fotos, que não estão lá muito boas, mas creio possam dar uma idéia do talento dessas crianças e jovens.











segunda-feira, 12 de julho de 2010

De volta e cada vez mais apaixonada pelo Japão

Chego com os fusos confusos após 23 horas de voo e já com saudades. Não dá para descrever a alegria que sinto no Japão. É a quarta vez que visito o país e a segunda que passo meu aniversário lá. Desta vez, além de marido e filhos, seguiu comigo uma de minhas melhores amigas. Amo tudo no Japão. A delicadeza do povo é tanta, que a gente não sabe às vezes como existir. Reencontrei muitos amigos queridíssimos, entre eles a Keiko, que virou personagem do meu livro O sapo e o pássaro, Ed. Larousse.

Muito amigos, aqui no Brasil, não entendem muito bem o que que eu tanto faço no Japão. O que me leva é a certeza de aprendizado. Sempre trago comigo lições incríveis que tento por em prática. Dessa vez aprendi, por exemplo, a importância das pequenas práticas altruístas, no dia a dia. Isso é uma realidade que faz parte do povo, além da gentileza (é incrível, mas eles conseguem pedir desculpas até pelo erro que a gente comete) e do sentimento de gratidão. Visitei alguns lugares que não conhecia e retornei a outros que me apaixonam. Do alto do nosso analfabetismo, arriscamo-nos, com sucesso, a andar no metrô de Tóquio, uma aventura, além, naturalmente, do maravilhoso shinkansen (trem bala). Vou postar, aos poucos, algumas fotos de coisas que vivi por lá para partilhar a alegria.

Em Kioto, terra da tranquilidade, é onde encontramos o Japão tradicional. É lá que fica o Nishijin Textile Center, Museu do Quimono, que visitamos.
Os quimonos da Nishijin são confeccionados com técnica desenvolvida no próprio atelier. Assisti a um desfile e pude ver também como produzem a seda, que é tecida em tear manual, e todos os bordados são feitos à mão. A história da tecelagem de seda Nishijin começou por volta de 794. No período Edo havia uma estimativa de 5.000 fábricas de tecelagem no distrito de Nishijin. Hoje, o bairro continua a ser a referência em indústrias de tecelagem. No Museu existe uma loja onde podemos comprar os kimonos do desfile, além de outros modelos e muitas peças em tapeçaria. Abaixo fotos do desfile que assistimos, teares onde são feitas as sedas e duas peças de tapeçaria que adquiri lá.