Reproduzo aqui parte de minha fala no Salão de Idéias da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. O assunto do debate era a formação do leitor. Na ida pra lá fui pensando sobre o assunto e no hotel redigi o pequeno texto abaixo. Além de mim, participaram a Ana Maria Machado, a Marina Colasanti e o Bruno Lerner.
Sabemos que qualidade é fundamental na literatura e em toda e qualquer manifestação artística. No caso da literatura para jovens, qualidade implica ausência de didatismos, de ensinamentos, de lugares-comuns, de previsibilidade.
Faz parte ainda dessa qualidade levar o jovem leitor a refletir e a interpretar o mundo a sua volta. O escritor, como áugure, lê os sinais, mas é a competência com que os lê, interpreta, nomeia e estrutura através de um universo ficcional que define sua capacidade artística. Nisso consiste seu desafio.
Mas como fazer esse livro de qualidade ser desejado pelo estudante? Como tornar esse jovem um livrodependente? Acreditamos que o primeiro passo seja deixá-lo livre em suas escolhas. Aceitarmos sem ansiedade o seu gosto “duvidoso”, se esse for o caso, não nos arrepiarmos de pavor quando ele nos disser que sua leitura se limita a notícias sobre esportes nos jornais ou a manchetes funerárias. Aceitarmos sem julgar. Interessar-nos pelo que ele diz, deixando-o expressar seus sentimentos e idéias, tornando-nos seus parceiros e ouvintes. Abrir um canal de comunicação com esse aluno. Ir aos poucos mostrando a ele as obras que vemos como sendo de boa qualidade, não como donos da verdade e portadores de infalível gosto superior, mas com a humildade de quem demorou muito a chegar a esse estágio atual de vida e de leitura.
Tentarmos sinceramente colocar-nos no lugar dele, entendendo suas dificuldades, imaginando-nos com a idade dele, com um universo fragmentário de informações à volta, e muitas vezes sem condições de acesso ao livro, bombardeados pelas solicitações dos meios audiovisuais, a que se veio juntar recentemente a internet, atendidos (ou desatendidos) por um sistema educacional confuso, que em muitos aspectos reflete uma sociedade igualmente confusa. Sem falar no fato de que o jovem, dentro desse quadro, está ainda sem opinião formada sobre o mundo.
É natural que as escolhas dele não sejam as melhores. Contribuamos então com nossa paciência para que sejam provisórias, dividindo-nos com ele. Dessa forma o conquistaremos. Depois ofereçamos-lhe um livro atraente, sobre um tema que ele, jovem leitor, considere atraente, seja uma aventura espacial ou um livro de terror, de magia, de amor... não importa. O fundamental é a qualidade do texto oferecido.
Por essa qualidade, entenda-se a capacidade de levá-lo a observar e pensar o que antes não tinha percebido, a se emocionar, abrindo diante dele tantas possibilidades interpretativas, que se sinta provocado a descobrir novos sentidos.
Mas como os professores podem ser auxiliados nesse imenso desafio de formar leitores? Cremos que antes de tudo é preciso ouvi-los, mas mais que isso é preciso vê-los de perto, indo até a escola, observando suas dificuldades no dia-a-dia na sala de aula. Sem dúvida é uma tarefa hercúlea, mas não impossível. E continuar cada vez mais a oferecer-lhes bibliotecas, oficinas, cursos de reciclagem e, acima de tudo, livros.
Desse modo, acredito que possamos estar criando condições propícias para isolar e desenvolver o vírus EAL (eu amo ler), que uma vez inoculado contamina de forma irreversível.
Sabemos que qualidade é fundamental na literatura e em toda e qualquer manifestação artística. No caso da literatura para jovens, qualidade implica ausência de didatismos, de ensinamentos, de lugares-comuns, de previsibilidade.
Faz parte ainda dessa qualidade levar o jovem leitor a refletir e a interpretar o mundo a sua volta. O escritor, como áugure, lê os sinais, mas é a competência com que os lê, interpreta, nomeia e estrutura através de um universo ficcional que define sua capacidade artística. Nisso consiste seu desafio.
Mas como fazer esse livro de qualidade ser desejado pelo estudante? Como tornar esse jovem um livrodependente? Acreditamos que o primeiro passo seja deixá-lo livre em suas escolhas. Aceitarmos sem ansiedade o seu gosto “duvidoso”, se esse for o caso, não nos arrepiarmos de pavor quando ele nos disser que sua leitura se limita a notícias sobre esportes nos jornais ou a manchetes funerárias. Aceitarmos sem julgar. Interessar-nos pelo que ele diz, deixando-o expressar seus sentimentos e idéias, tornando-nos seus parceiros e ouvintes. Abrir um canal de comunicação com esse aluno. Ir aos poucos mostrando a ele as obras que vemos como sendo de boa qualidade, não como donos da verdade e portadores de infalível gosto superior, mas com a humildade de quem demorou muito a chegar a esse estágio atual de vida e de leitura.
Tentarmos sinceramente colocar-nos no lugar dele, entendendo suas dificuldades, imaginando-nos com a idade dele, com um universo fragmentário de informações à volta, e muitas vezes sem condições de acesso ao livro, bombardeados pelas solicitações dos meios audiovisuais, a que se veio juntar recentemente a internet, atendidos (ou desatendidos) por um sistema educacional confuso, que em muitos aspectos reflete uma sociedade igualmente confusa. Sem falar no fato de que o jovem, dentro desse quadro, está ainda sem opinião formada sobre o mundo.
É natural que as escolhas dele não sejam as melhores. Contribuamos então com nossa paciência para que sejam provisórias, dividindo-nos com ele. Dessa forma o conquistaremos. Depois ofereçamos-lhe um livro atraente, sobre um tema que ele, jovem leitor, considere atraente, seja uma aventura espacial ou um livro de terror, de magia, de amor... não importa. O fundamental é a qualidade do texto oferecido.
Por essa qualidade, entenda-se a capacidade de levá-lo a observar e pensar o que antes não tinha percebido, a se emocionar, abrindo diante dele tantas possibilidades interpretativas, que se sinta provocado a descobrir novos sentidos.
Mas como os professores podem ser auxiliados nesse imenso desafio de formar leitores? Cremos que antes de tudo é preciso ouvi-los, mas mais que isso é preciso vê-los de perto, indo até a escola, observando suas dificuldades no dia-a-dia na sala de aula. Sem dúvida é uma tarefa hercúlea, mas não impossível. E continuar cada vez mais a oferecer-lhes bibliotecas, oficinas, cursos de reciclagem e, acima de tudo, livros.
Desse modo, acredito que possamos estar criando condições propícias para isolar e desenvolver o vírus EAL (eu amo ler), que uma vez inoculado contamina de forma irreversível.