terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Rudá

Conheço um poeta que não publica nunca. Seus versos despretensiosos se escondem por vezes na borda de um copo de vinho, por vezes no silêncio de um guardanapo, por vezes num olhar desconcertante. Rudá, fica sendo seu nome.
Humanidades ...

Lobo só mata pra comer

ou pra se defender

e não chuta cachorro morto.


Quintal ...

Meu quintal tinha um galinheiro

um milharal,

um barracão

um jardim de moças-e-velhas cheio de borboletas.

Um verdadeiro latifúndio.


Na flor da idade ...

Nas últimas quatro décadas

muita gente envelheceu.

Eu não.

Não sou velho nem anacrônico.

Sou acrônico.

Pairo por cima do tempo,

enquanto ele me devora...

suavemente...

(Rudá)