segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Alguns momentos de não esquecer

A flor que recebi das crianças na África - Luanda em 2007.


As crianças da escola que visitei em Assakussa, no Japão em 2007, e seus trabalhinhos.


O momento em que recebi meu crachá no Salão do Livro de Paris - 2007 A chegada feliz para o lançamento dos meus livros por lá.



E antes...




O encontro com meus personagens de A Saga de Um Rei após o espetáculo encenado em Maringá, no Paraná.









quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Meu melhor presente de Natal!


Hoje , ao abrir meu e-mail, constatei que havia nele o melhor presente de Natal que poderia desejar. Veio da Feira do Livro de Porto Alegre, da visita que fiz à Escola Municipal de Educação Infantil Florência Vurlod - Programa de Leitura "Adote um Escritor".

"Querida Ieda!
Estou enviando as fotos do nosso inesquecível encontro no projeto Adote. Foi um encontro de palavras, olhares, desafios, um verdadeiro encontro de mundos!
Esse momento foi muito enriquecedor para todos nós, pois as crianças puderam compreender e entender o mundo através dos teus textos. Uma vez tomando posse da palavra, sentiram-se cidadãs do mundo, pois a palavra é o elemento de conexão entre os povos. Ela é mágica, e revela um mundo não só de fantasias, mas de idéias e valores que levamos pela vida afora.
Observa nas fotos as trocas de olhares empáticos ocorridas naquele momento, a conexão estabelecida. Adoramos ver nossas crianças tendo sua fome de palavras suprida pela tua generosidade e talento literário.
Um abraço forte de todas as Mabis e Sombrias, Cibeles e Marcelas que vivem dentro de nós, brasileirinhos com muito orgulho!
Lourdes"


sábado, 22 de dezembro de 2007

Receita de Ano Novo!

Posto aqui, como presente, um poema de Drummond e "o cântico dos cânticos" da nossa querida amiga ilustradora Ângela Lago, também participante do livro que organizei O que é qualidade em ilustração - com a palavra o ilustrador, a ser lançado no primeiro semestre de 2008 pela editora DCL.


Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo


até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior) novo espontâneo,
que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Natal!






Natal

Menino, peço-te a graça

de não fazer mais poema

de Natal.

Uns dois ou três,

inda passa...

industrializar o tema,

eis o mal.

Carlos Drummond de Andrade.



Esta ilustração, presente de Natal, me foi enviada pela Ciça Fittipaldi, uma das queridas e brilhantes ilustradoras do livro que organizei, O que é qualidade em ilustração - com a palavra o ilustrador, que será lançado em 2008.


terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O Fado sem cigarro




Recebi hoje, pelo correio tradicional, este cartão da minha amiga Alice Vieira, com um texto no tom bem-humorado de sempre: "Querida Ieda, como seria o fado sem o cigarro? Agora que os pobres fumadores só têm até ao fim do mês para poderem dar, gloriosamente, as suas últimas passas, aí vai este cartão quase em forma de réquiem...Bom Natal! Bom Ano! Bom tudo! Beijinhos"

Não sabia do prazo para a proibição do cigarro em Portugal. Eu, que parei de fumar há 20 anos, acredito que o bom vinho e o bom papo e, no caso português, um bom lamento, podem substituir esse vício complicado.

Aproveito para sugerir a leitura dos textos da premiadíssima amiga Alice Vieira. Foi dela um dos livros que escolhi, o Graças e Desgraças na Corte d' El Rei Tadinho, que considero uma obra prima, para analisar em minha tese de doutorado. Alice é considerada, e não sem razão, a maior escritora de Literatura Infantil e Juvenil de Portugal. São imperdíveis livros como Os Olhos de Ana Marta, Contos e Lendas de Macau, Se Perguntarem Por Mim Digam Que Voei etc., etc.



domingo, 16 de dezembro de 2007

Livros em 2007



Este ano tenho feito boas leituras. Concordo com o Shopenhauer que a energia e o tempo são limitados e por isso precisamos eleger os livros com certo critério. Dentre os que li (há uma lista de desejos em espera), gostei de alguns especialmente: o Era no tempo do Rei, do Ruy Castro e O Dia Mastroianni, do João Paulo Cuenca.

Particularmente, não gosto de um tipo de literatura em que se percebem certos experimentos literários do tipo "narrativa que se pensa enquanto se constrói" e em que o autor quase grita para o leitor: "Preste atenção. Olhe a estratégia narrativa que estou utilizando, olhe que sacada brilhante este neologismo". Isso, quando não pára o enredo e se enreda em considerações metaliterárias quase infantis.
O Dia Mastroianni, de João Paulo Cuenca, escapa a isso. É um livro instigante, em que o autor administra muito bem ficção e reflexões sobre o processo criativo.


O Era no Tempo do Rei traz um outro tipo de procedimento discursivo. Através de um misto de História e ficção, o livro do Ruy Castro une Leonardo, personagem do Manuel Antônio de Almeida, e D. Pedro I, personagem histórico, de forma divertida e irresistível. As referências às ruas e o mapa do Rio de Janeiro de 1810 instigam e permitem um delicioso passeio pelas ruas do Rio antigo. É como se esse mapa ancorasse o imaginário e convidasse a ir mais longe.
Os dois livros apóiam-se em contratos de comunicação distintos, mas ambos comprometidos com a qualidade literária.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Schopenhauer: escrita, escritores e leitores

"A autêntica concisão da expressão consiste em dizer apenas, em todos os casos, o que é digno de ser dito, com a justa distinção entre o que é necessário e o que é supérfluo, evitando todas as explicações prolixas sobre coisas que qualquer um pode pensar por si mesmo. "


"Há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Os primeiros tiveram pensamentos, ou fizeram experiências, que lhes parecem dignos de ser comunicadas; os outros precisam de dinheiro e por isso escrevem, só por dinheiro... é possível reconhecê-los tanto por sua tendência de dar a maior extensão possível a seus pensamentos e de apresentar meias-verdades, pensamentos enviesados, forçados e vacilantes, como por sua preferência pelo claro-escuro, a fim de parecerem ser o que não são. É por isso que sua escrita não tem precisão nem clareza. Desse modo, pode-se notar logo que escrevem para encher o papel, e mesmo entre os nossos melhores escritores é possível encontrar exemplos..."


"Como as pessoas lêem sempre, em vez dos melhores de todos os tempos, apenas a última novidade, os escritores permanecem no círculo estreito das idéias que circulam, e a época afunda cada vez mais em sua própria lama. Por isso é tão importante, em nosso hábito de leitura, a arte de não ler. Ela consiste na atitude de não escolher para ler o que, a cada momento determinado, constitui a ocupação do grande público; por exemplo, panfletos políticos ou literários, romances, poesias etc., que causam rebuliço justamente naquele momento e chegam a ter várias edições em seu primeiro e último ano de vida. Basta nos lembrarmos de que, em geral, quem escreve para os tolos encontra sempre um grande público, a fim de que nosso tempo destinado à leitura, que costuma ser escasso, seja voltado exclusivamente para as obras dos grandes espíritos de todos os tempos e povos, para os homens que se destacam em relação ao resto da humanidade e que são apontados como tais pela voz da notoriedade. Apenas esses espíritos realmente educam e formam os demais."


"Para ler o que é bom uma condição é não ler o que é ruim, pois a vida é curta, o tempo e a energia são limitados."

Schopenhauer

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Entrevista

Esta entrevista foi feita pela jornalista Paula Thomas para a editora DCL.

Bruxa e fada: uma escritora encantada.

A escritora Ieda de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro, mas passou toda a infância e parte da adolescência em terra de contadores de causos: Minas Gerais. Foi lá que conheceu histórias de assombração, reis e rainhas, princesas e sapos e de bichos falantes – todas narradas por sua babá. Devo a Minas muito do meu jeito fantasioso de olhar o mundo transformando-o, de ver além do visível. Uma de suas primeiras leituras foi As mil e uma noites – nessa época sua babá de verdade deu lugar à Sherazade. Nesta entrevista Ieda fala sobre o processo de criação de um novo livro, de sua infância, da experiência como professora e das participações no Salão do Livro de Paris. Confira.

Editora DCL – Há quanto tempo você escreve para crianças?

IEDA DE OLIVEIRA – Comecei a escrever em 1985. Na época era professora universitária de Literatura Brasileira. A constatação da falta de informações por parte dos alunos sobre nossas origens étnicas foi o que me levou a pensar em produzir um trabalho que ludicamente levasse a uma reflexão sobre nossa identidade cultural. E isso a partir da infância. Foi aí que surgiu meu primeiro livro: Brasileirinho - História de amor do Brasil. Como sempre gostei muito de compor, resolvi fazer um trabalho lítero-musical. Um livro acompanhado de partituras musicais e um CD era meu projeto. As dificuldades para executá-lo foram muitas. Não só por ser uma estreante, mas também pelo caráter atípico do meu trabalho. Essa atipicidade, aliás, minha marca registrada, dava-se em variados níveis. Primeiro pelo tema proposto, segundo pelo modo como esse tema era tratado e terceiro por ser um trabalho de literatura e música. O resultado foi um belo engavetamento de anos. Meu primeiro livro de ficção, A visita, escrito em 1992, sem o “empecilho” da música, foi logo publicado. Esse é o marco inicial de minha carreira.

DCL – Existe algo de sua infância, na relação com os livros, que ficou até os dias de hoje?

IEDA – Tive a sorte de ter pais leitores e hábeis em não empurrar livros pela minha garganta abaixo, e mais sorte ainda de ter tido uma “babá” exímia contadora de histórias. Morávamos em Minas nessa época; e ela era do interior do estado. Sabia muitos e muitos “causos” e encantava minha mente com reis, rainhas, princesas, bichos falantes e histórias de assombração. Não me lembro de uma noite sequer que não tenha dormido sob encantamento. Quando ela se casou e foi embora, eu já sabia ler, e ocupou o seu lugar uma outra babá, a Sherazade, e suas “Mil e uma noites”. Acho que esse passado construiu a máquina de sonhar que me faz escrever.


DCL – Você acha que foi fundamental sua vida em solo mineiro para a formação da Ieda que hoje é escritora?

IEDA – Minas é pura magia. Em cada canto dos Gerais uma história, um encantamento. Passei minha infância e parte de minha adolescência lá, respirando essa beleza e mistério. Devo a Minas muito do meu jeito fantasioso de olhar o mundo transformando-o, de ver além do visível. Amo Minas Gerais e seu povo de fala mansa e sotaque que resgata a pureza. Essa escritora é produto dos Gerais sim, e sente-se orgulhosa de ter a alma mineiroca.

DCL – Das brincadeiras de infância, houve alguma que você colocou em algum livro?

IEDA – Algumas coisas que eram muito fortes em meu espírito continuam sendo até hoje. Uma delas era inventar palavras e músicas. Era minha brincadeira preferida. A primeira palavra que inventei foi RHAIMISCHIMBILIM. Todas as vezes que queria mergulhar no mundo mágico, a gritava bem alto. Aí eu podia ser tudo: bailarina, cantora, atriz, pássaro, princesa, tudo o que minha fantasia determinasse. Era meu abracadabra. Meu prazer era transformar. Brincava muito num terreno baldio imenso perto de minha casa procurando tesouros. Um fio de linha era fio de ouro, um pedaço de pano era parte do tapete de Aladim e assim por diante. O livro Rhaimischimbilim – o mistério da família Salles é revelador de parte desse mistério.


DCL – Gostaria que você falasse de onde veio a idéia de unir bruxa e fada numa única personagem.

IEDA – Foi num curso que fiz certa vez na universidade. Estávamos lendo textos teóricos sobre bruxas e fadas; e vi que não havia nenhum livro infantil que fizesse uma síntese dialética entre esses opostos, substituindo o ou pelo e. Não somos bem ou mal e sim bem e mal simultaneamente e nunca estamos sozinhos em nossas escolhas. Pela nossa boca falam os nossos ancestrais. Medos, anseios e outros sentimentos arquetípicos são representados e manifestados em nós e através de nós . A isso Jung chamou inconsciente coletivo. Nosso estado de espírito é que determina por qual dos nossos “eus” vamos optar. Se pelos que nos conectam ao mal ou pelos que nos conectam ao bem. Essa flutuação é que determina nossa humanidade. O Bruxa e fada menina encantada é produto dessas minhas reflexões.


DCL – Qual é a sua maior preocupação ao escrever um livro?

IEDA – Que seja belo e útil à sociedade.

DCL – Você gosta das ilustrações que fizeram para seus livros publicados até hoje?

IEDA – Gosto. Tenho a sorte de ser ilustrada por grandes profissionais, mas tenho naturalmente algumas preferências.

DCL – Existe algum tipo de relação ou contato com o ilustrador quando seus livros estão sendo ilustrados?

IEDA – Fica bastante complicado termos contato, não só por sermos às vezes de cidades diferentes, como por falta de tempo para isso, mesmo em se tratando de grandes amigos e às vezes vizinhos. Quando muito, a gente se fala por telefone, mas não interfiro nunca no trabalho deles.

DCL – No momento em que a inspiração de um novo livro vai para o papel, há o cuidado com a linguagem ou faixa etária à qual se dirigirá o livro, ou você considera que essas são preocupações do editor?

IEDA – Naturalmente que há. Não posso escrever para crianças dentro de um contrato de comunicação inadequado a elas. Tenho de definir claramente quem é meu leitor e a partir daí desenvolver as estratégias discursivas que vou utilizar. Isso passa pela sintaxe, pelo léxico e pela semântica. Se eu fizer uma construção tecnicamente sofisticada, que seria adequada a um leitor experiente, não devo destiná-la ao leitor iniciante, sob o risco de estar contribuindo para o desprazer da leitura e, em vez de ajudar a formar um amante da literatura, estar criando um detestante dela, como já existem muitos. Quanto ao editor, ele exerce um papel importante, mas de outra natureza.

DCL – De que maneira sua experiência em sala de aula, como professora, contribui no momento da criação e percepção das necessidades do leitor?

IEDA – O fato de ser professora de Teoria da Literatura me deu uma fundamentação teórica e uma consciência crítica bastante vantajosa na atuação como escritora. Para um escritor, talento, sem domínio técnico, é algo bastante complicado. Quando crio alguma coisa e o faço através da palavra, essa experiência se apresenta como elemento facilitador. É importante a consciência do processo de criação. O escritor tem de saber o que faz, por que o faz, que efeito deseja produzir com seu texto e que estratégias discursivas precisa utilizar para atingir esse objetivo. É fundamental ainda que ele pense no leitor, como co-autor e também decifrador dos enigmas que estarão pairando em seu texto.

DCL – Conte, resumidamente, sobre a sua participação no Salão do Livro de Paris.

IEDA – É a segunda vez que participo desse Salão. A primeira foi em 2001, por ocasião do lançamento do Brasileirinho. Estava em Paris e recebi o convite da Embaixada do Brasil. Não sabia do Salão, fiquei surpresa e achei ótimo. Agora fui de novo, relançando o Brasileirinho e outros títulos.

DCL – Quando será possível colher os frutos dessa viagem?

IEDA – Essa viagem já é em si um fruto colhido. Tudo o mais que recebi e tenho recebido vem por acréscimo; e eu sou muito grata por isso.


DCL – Quando foi que você descobriu ter nascido no Dia das Fadas? O que isso representou para você?

IEDA – Foi uma amiga japonesa, queridíssima, que me falou sobre o dia das fadas (07/07) e da simbologia do sete. Achei bem curioso porque realmente é um número muito presente em minha vida, e eu nasci realmente em 07/07, mas, daí a ser fada... Acho que fico mais confortável se comparada à minha personagem Maria, conhecida como menina encantada, porque, quando zango, viro bruxa e, quando amo, viro fada.

Saiba mais sobre a Ieda pelo site: http://www.iedadeoliveira.com/

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Direito à vida

"Na ponta da flecha já está, invisível, o coração do pássaro".
William Ospina



Dia Internacional dos Direitos Humanos


Mais que nunca, hoje é dia de refletir sobre os direitos daqueles que não podem defender-se.

1- A criança deve ter condições para se desenvolver física, mental, moral, espiritual e socialmente, com liberdade e dignidade.

2- A criança tem direito a um nome e uma nacionalidade, desde o seu nascimento.

3- A criança tem direito à alimentação, lazer, moradia e serviços médicos adequados.

4- A criança deve crescer amparada pelos pais e sob sua responsabilidade, num ambiente de afecto e de segurança.

5- A criança prejudicada física ou mentalmente deve receber tratamento, educação e cuidados especiais.

6- A criança tem direito a educação gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares.

7- A criança, em todas as circunstâncias, deve estar entre os primeiros a receber protecção e socorro.

8- A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono e exploração. Não deverá trabalhar antes de uma idade adequada.

9- As crianças devem ser protegidas contra prática de discriminação racial, religiosa, ou de qualquer índole.

10- A criança deve ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade, fraternidade e paz entre os povos.




sábado, 8 de dezembro de 2007

Laços: talento em família

Fiquei muito feliz com a vitória da querida Adriana e de sua filha Clarice. Posto aqui o video que deu ao delicado filme Laços de Clarice Falcão e Célio Porto, com roteiro de Adriana Falcão, o primeiro lugar no concurso internacional de curtas-metragens do YouTube. A direção foi da Flávia Lacerda. Adriana é uma das participantes do livro que organizei, O que é qualidade em Literatura Infantil e Juvenil- com a palavra o escritor, em nova edição.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Novidades no ar

Cristina Biazetto, uma das articulistas do novo livro que organizei, O que é qualidade em ilustração - com a palavra o ilustrador, está com novo site no ar. É uma oportunidade de se ver um pouco mais de seu belo trabalho. O endereço é http://www.cristinabiazetto.com.br/

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Mudança de casa


Minha tese de doutorado, orientada pela Prof. Dra. Nelly Novaes Coelho, defendida na USP em 2003 e publicada pela Editora Lucerna, no mesmo ano, está mudando de casa. Pertence agora à Ed. Nova Fronteira, mas continua com a mesma capa, ilustrada por Victor Tavares. Fico muito feliz, e até meio orgulhosa, pelos prêmios recebidos e de vê-la citada em inúmeras dissertações de mestrado e teses de doutorado das mais variadas universidades brasileiras.

Posto aqui a resenha feita pela Professora Dra. Maria Aparecida Lino Pauliukonis, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, e coordenadora do CIAD (Círculo Interdisciplinar de Análise do Discurso) do Rio de Janeiro, que é ligado ao Centre d'Analyse du Discours (CAD) de Paris.

"Defender a idéia de que a Literatura Infantil não deve ser considerada como produção menor, como alguns preconceituosos ainda insistem em rotulá-la, já é um grande passo, mas analisar, com objetiva profundidade, obras literárias reconhecidas pelo público infantil a que se destinam e pela crítica especializada, é trabalho bastante louvável, sobretudo quando produzido com adequado embasamento teórico e conhecimento de causa, como faz Ieda de Oliveira, neste ensaio sobre duas obras de autoras consagradas: Ruth Rocha e Alice Vieira.
O livro em questão, O contrato de comunicação da literatura infantil e juvenil, fruto de uma tese de Doutorado, defendida na USP, na área de Estudos Comparados de Literatura em Língua Portuguesa e publicada pela Ed. Lucerna, merece destaque por três bons motivos: primeiramente, por ser a Autora estudiosa e criadora de Literatura Infantil- com vários livros publicados, tendo recebido prêmios nacionais e internacionais por seu trabalho-, depois, como pesquisadora, por ter adotado o modelo teórico da Análise Semiolingüística do Discurso, teoria que oferece ferramentas muito úteis para o trabalho com o texto e, finalmente, pela acuidade com que enfoca alguns de seus conceitos pilares, tais como: o contrato comunicativo, os sujeitos discursivos e seus projetos de comunicação, os tipos de textos e os modos de organização do discurso, além do enfoque sobre a tríplice competência da linguagem. Tais noções mostraram-se altamente operacionais, na análise das obras O Reizinho mandão e Graças e desgraças na corte de El-Rei Tadinho, das citadas Autoras.
Sob o rótulo Análise do Discurso, existe hoje uma complexa trama de teorias que surgiram no século XX, preocupadas com a significação social da linguagem, através de exame de diferentes tipos de atos de comunicação humana. Felizmente não se tem um monobloco teórico fechado em si mesmo e o resultado dessas análises tem permitido um olhar crítico sobre variados discursos: político, religioso, científico, literário entre outros e sobre os vários setores socioprofissionais ou da vida cotidiana. Em meio a essas diversas teorias discursivas, destaca-se a de Patrick Charaudeau, pesquisador da Universidade Paris XIII, que propôs a Análise Semiolingüística, ramo interdisciplinar do conhecimento, que se fundamenta em estudos de ordem semiótica e lingüística. Ieda elegeu a Semiolingüística, por considerá-la um “verdadeiro achado” como instrumento de análise e um meio-termo saudável entre as abordagens stricto sensu, limitadas a análises do sistema da língua e as da periferia light que interagem com outros disciplinas, como a Teoria da Literatura, a Sociologia, a Psicologia e a História.
Por meio da apresentação de seus conceitos, os quais domina muito bem, a Autora enfatiza que o texto literário não dever ser visto apenas como mensagem, mas como unidade significativa ¨contaminada¨ pelos elementos da situação, entre eles e principalmente, os participantes do ato interativo, que vão interferir na significação global do texto. A noção de “contrato comunicativo”, um dos pontos chave da teoria, é amplamente explicitada pela analista, ao realçar que, no contrato ficcional, as cenas do real estão a serviço da ficção e devem ser vistas em sua função estratégico-discursiva.
Nas obras de Literatura Infantil que constituem seu objeto de observação, a Autora vislumbra um complexo jogo de relações entre o real e o imaginário, cuja linguagem e problematização analisou sob duplo viés: o da situação sociohistórica e cultural em que elas foram escritas e a óptica da teoria Semiolingüística, com base no conceito de contrato sociointerativo. Com efeito, as obras criam um universo discursivo passível de ser captado pelo leitor se ele aceitar a presença dos implícitos latentes. As análises permitem que se considere o espaço lingüístico como o local onde materializam as idéias e o sujeito é visto como agente de sua prática social.
A sua maneira, as duas obras em apreço operam mudanças contratuais que, em diferentes graus, desmistificam o tradicional universo dos contos de fada, com o propósito de sensibilizar o leitor para as questões do autoritarismo, o que se faz por meio do emprego de diversas operações discursivas como o humor surrealista, a paródia, a caricaturização e o emprego de metáforas. Ressalte-se ainda a ênfase na análise de certas estratégias utilizadas nas obras, tendo em vista a competência discursiva do fruidor de tais textos, quais sejam, uso de estruturas sintáticas e léxico acessíveis, vocabulário supra-regional, processos interacionais por meio do riso e emprego de um contrato de comunicação exigente, com regras precisas que protegem a Literatura Infantil de qualidade de certos contratos que vigoraram anteriormente, contra os quais a atual se volta. Tal contrato comunicativo revela-se mais complexo que o contrato precedente pois se caracteriza pela perda da ingenuidade, pela saudável atitude crítica, pela fuga ao maniqueísmo e por um alto grau de literariedade.
Por se opor, assim, a um tipo de Literatura que a antecedeu, a boa e atual Literatura Infantil, de que as obras analisadas são um produtivo exemplo, promove uma releitura dos contos de fada, com uma nova visão de seus personagens, o que justifica atribuir-lhe o epíteto da maioridade. Tudo isso, Ieda de Oliveira, com profundidade e maestria, soube tão bem determinar neste excelente ensaio, que se recomenda seja lido por todos aqueles que se interessam pelo assunto."

domingo, 2 de dezembro de 2007

Lo Fatal


Sou fascinada pela poesia de Rubén Darío, poeta nicaragüense (1867-1916) .

Jorge Luís Borges assim se expressou a seu respeito:
"Todo lo renovó Darío: la materia, el vocabulario, la métrica, la magia peculiar de ciertas palabras, la sensibilidad del poeta y de sus lectores. Su labor no ha cesado ni cesará. Quienes alguna vez lo combatimos comprendemos hoy que lo continuamos. Lo podemos llamar libertador."

Penso na relação entre Shakespeare (Hamlet) e Darío (Lo Fatal) como duas formas de abordar a consciência da impossibilidade.

Dichoso el árbol que es apenas sensitivo,
y más la piedra dura, porque ésa ya no siente,
pues no hay dolor más grande que el dolor de ser vivo,
ni mayor pesadumbre que la vida consciente.
Ser, y no saber nada, y ser sin rumbo cierto,
y el temor de haber sido y un fututo terror...
Y el espanto seguro de estar mañana muerto,
y sufrir por la vida y por la sombra y por
lo que no conocemos y apenas sospechamos,
y la carne que tienta com sus frescos racimos,
y la tumba que aguarda com sus fúnebres ramos,
y no saber a dónde vamos,
ni de donde venimos....

Rubén Darío