sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Alta Gracia

Após visitar alguns dos principais monumentos históricos da cidade de Córdoba, fiz a coisa de que mais gosto: sentir de perto a realidade do povo. Fui até o terminal rodoviário e peguei um buzão, de aproximadamente seis pesos (R$ 3,50), e fiz uma viagem de 45 minutos em direção à cidade de Alta Gracia, lugar onde viveu Che Guevara, cuja casa abriga hoje um museu com sua história. Uma sensação deliciosa a de percorrer junto com os moradores caminhos por mim ignorados. Tudo absolutamente plano e de uma paisagem seca. Em alguns momentos me lembrou a paisagem do cerrado. Um verde aqui e outro ali, com terreno irrigado, mas absurdamente atraente. Assim que cheguei fiquei um pouco apreensiva porque parecia uma cidade fantasma. Minha meta era saltar no ponto final, que seria a rodoviária de lá, para poder voltar. Só que as pessoas foram saltando e eu vi que o comércio estava fechado e as ruas, desertas. Pensei que talvez fosse feriado por lá, mas não. Fiquei sabendo então pelo motorista do ônibus que era a hora da sesta e que o pessoal só voltaria ao trabalho lá pelas 16 horas. O pior é que eu estava com uma baita fome e não tinha a menor idéia de como resolver isso. Aí, descobri na rodoviária um barzinho, meio boteco, meio lanchonete, meio qualquer coisa, que tinha um vendedor muito jovem e simpático, que me serviu um refrigerante chamado ¨Ser¨ e um sanduiche enorme. Foi a primeira vez que experimentei um refrigerante ontológico. Fiquei por ali pensando em como iria chegar até à Estancia Jesuítica, que queria visitar, e ao Museu Che Guevara. O rapaz me mostrou um mapa e vi que, com aquele sol de rachar, ia ser complicado chegar a meu destino. Perguntei se havia serviço de táxi e ele disse sim e prontamente ligou pedindo um. Em pouco tempo chegou o carro com um motorista bem humorado chamado Jesus. Falei pra ele: ¨senhor Jesus o senhor me ajuda a conhecer Alta Gracia?¨ e ele muito gentil disse: ¨sim e farei uma viagem sem exploração financeira, porque desde que nasci carrego o peso desse nome. Não é fácil ser Jesus¨. E assim fomos direto à casa do Che, depois seguimos para a Estancia Jesuítica, de lá para o belo lago em que nadavam patos e cisnes e finalizamos dando uma volta pela cidade. Ele me deixou de volta na rodoviária e eu retornei a Córdoba feliz e abençoada. Chegando, é claro, fui a pé para o hotel. Posto aqui algumas fotos do museu e outra da Estancia. Não consigo postar tudo.



Esta chama acesa é primeira coisa que vê ao entrar no Museu Che Guevara.
















Exposta uma Norton 1936 igual à que Che Guevara usou na viagem pela América Latina